Com salários achatados, funcionalismo federal planeja greve

Somando-se ao calendário de paralisação já anunciado pelo Fonacate (Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado), o Fonasefe (Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais) e outras 14 entidades sindicais anunciam a construção de uma greve geral. Somando suas categorias, os Fóruns representam a grande maioria do serviço público.

“Todas as servidoras e todos os servidores públicos estão com a perda salarial alta. A maioria está sem reajuste desde 2017, com perdas que ultrapassam 50%. Achamos que todos nós merecemos a reposição salarial, queremos que seja para todos e todas, porque nós sofremos com inflação”, analisou David Lobão, presidente do Sinasefe, destacando a importância da unidade no movimento.

“Quando falamos de reposição salarial, estamos falando de qualidade de serviço prestado, da condição que esse serviço chega ao público. Esse movimento também é uma pauta em defesa do serviço público e é por isso que estamos discutindo esse tema ainda em 2021 para que iniciemos 2022 com nossas deliberações acertadas”, contextualizou Rivânia Moura, presidenta do ANDES-SN, em reunião das entidades na última quarta-feira (29).

Novo encontro está marcado para 14 de janeiro, e no final do mês uma Plenária Nacional do Fonasefe deve ser realizada durante o Fórum Social Mundial, que acontece de 26 a 31, em Porto Alegre.

Reajuste elitista

Aprovado pelo Congresso em 21 de dezembro, o Orçamento da União para 2022 prevê R$ 1,7 bilhão para reajuste das carreiras de policiais federais, excluindo os demais servidores.

“A lógica governista que pretende realizar o reajuste de apenas uma categoria muito específica, convoca novamente os servidores a se organizarem coletivamente em um movimento unificado”, explicou Toninho Alves, presidente da Fasubra.

“Com mobilização é possível fazer com que esse valor seja repassado para o reajuste de todas as classes de servidores e, se essa quantia não for suficiente, é possível também retirar dinheiro de outros lugares para isto”, acrescentou Davi Lobão.

Funcionalismo mobilizado

A aprovação do Orçamento mobilizou todo o funcionalismo, que já vinha em luta contra a PEC 32 e outras medidas governistas de sucateamento dos Serviços Públicos.

Os Auditores Fiscais da Receita Federal foram os primeiros a deflagrar greve, em 27 de dezembro, e podem expandir a  paralisação para portos e aeroportos. Além disso, mais de 1,2 mil cargos comissionados já foram entregues – conduta também aplicada pelos servidores do Banco do Brasil, que estão há três anos sem ajuste salarial. Conforme o Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), cargos de chefia começariam a ser entregues já nesta segunda-feira (3).

O Fonacate, que representa 37 entidades associativas e sindicais totalizando 200 mil servidores, anunciou a primeira paralisação para o dia 18 de janeiro.

Perdas salariais

Os docentes das universidades federais receberam em agosto de 2019 a última parcela do reajuste programado em 2016, com percentuais que variavam de 0,1% a 3%, inferiores à inflação do período.

A inflação acumulada desde então é de 49,5%, pelo IGP-M. Outros segmentos do funcionalismo acumulam perdas maiores.

O congelamento salarial de servidoras e servidores foi estendido até dezembro de 2021 pela Lei Complementar 173/2020, que regula o auxílio a Estados e Municípios na pandemia. A lei também suspende a realização de concursos públicos e de alterações nas carreiras que impliquem em aumento da despesa de pessoal.

Para o Sindicato Nacional, a medida expressa um ataque frontal aos serviços públicos brasileiros e à categoria, cuja importância tem se mostrado vital à população brasileira neste momento de emergência sanitária.