Sem apoio e informações da Reitoria, Unidades seguem planejando individualmente o retorno presencial

Paralelamente à isenção da Administração Central quanto à responsabilidade de organizar um retorno presencial seguro, as Unidades da UFRGS se esforçam para criar planos e protocolos localizados que deem conta da retomada dos espaços físicos da universidade. Continuando a série de reportagens sobre a situação nos diversos campi, trazemos nesta edição do InformANDES novos relatos sobre os planejamentos de retorno nas Unidades.

Aulas práticas no Instituto de Artes

O Instituto de Artes, que gerencia uma das estruturas mais comprometidas da UFRGS, vai retomar a presencialidade apenas das aulas práticas, que costumam ter menos alunos. “Alguns laboratórios e ateliês têm pouquíssima ventilação, problemas estruturais e muitas vezes são insalubres. A situação do prédio do Departamento de Arte Dramática (DAD) é extremamente precária também”, relata o professor Felipe Adami.

Mesmo com o cenário difícil, Adami observa que a perspectiva de voltar ao campus traz alívio para grande parte professores e alunos, embora alguns estudantes exponham também a dificuldade de retornar de suas cidades de origem, para onde se deslocaram na pandemia, inclusive por dificuldades financeiras, de transporte e alimentação, “visto as precárias condições atuais da assistência estudantil”.

Conforme o professor, as Comissões de Graduação consultaram os alunos por meio de questionários, mas os resultados não foram repassados aos docentes. “Parece que foram apresentados ao Conselho da Unidade, mas ainda não há ata”, informa.

A falta de comunicação não é novidade para a comunidade, cenário que se mantém quando o assunto é o retorno. “Em ata de reunião do Consuni de setembro, há relato, pela Direção, da precarização dos espaços, da falta de funcionários terceirizados e de pessoal para fiscalização, bem como da precariedade material. Na mesma reunião o Diretor do IA, Raimundo Cruz, relata uma falta de planejamento por parte da Reitoria com relação ao retorno presencial, o que pode se constatar também pelo acompanhamento das reuniões do Consun e da pouca comunicação e falta de transparência da atual Reitoria”.

Outra dúvida seria a disponibilidade de EPIs, como máscaras e álcool gel. “Se nem papel higiênico ou papel toalha são disponibilizados normalmente nos banheiros do IA, por falta de recursos, como ficariam a disponibilização destes itens?”

Passaporte Vacinal para acesso aos laboratórios

No Instituto de Química, onde o Consuni já aprovou o planejamento Administrativo e Pedagógico para retomada forma gradual e escalonada a partir de dezembro de 2021, haverá exigência de comprovação vacinal ou justificativa médica a todos que frequentarem o prédio.

Contemplando Graduação, Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão, o retorno vai começar com as modalidades que não poderão ocorrer remotamente, como aulas práticas em laboratórios, atividades de campo, trabalhos de conclusão que necessitem presencialidade, estágios, funções administrativas e técnicas necessárias para garantir estas atividades e as funções essenciais.

“Nas disciplinas para os cursos de Química serão oferecidas apenas turmas com atividades presenciais restritas; 2. Para os demais cursos, além de turmas com atividades presenciais restritas, serão oferecidas turmas 100% remotas. A exceção são as disciplinas Química Fundamental (QUI01121) e Química Analítica Quantitativa II (QUI01110) que permanecerão 100% remotas”, esclarece o Plano.

Reformas na Faculdade de Arquitetura

A Faculdade de Arquitetura, que ainda precisa de obras, já passa por reformas visando à adequação. “Temos problemas graves, que são de muitos anos sem uma manutenção adequada, como platibanda, telhado, esquadrias e a própria fachada que está com o reboco caindo”, comenta a diretora, Eliane Constantinou, que se diz “mais otimista” com a volta ao campus.

Após diálogo com estudantes, técnicos(as) e docentes, optou-se por atividades presenciais não obrigatórias para as aulas práticas. “Muitas disciplinas continuarão em ERE, e algumas situações podem ficar difíceis para o aluno conseguir assistir aula em ERE e depois ter uma atividade presencial obrigatória. Então optamos por atividades presenciais não obrigatórias”, explica.

Ensino Remoto Eternizado

Segundo a Portaria nº 5851, publicada em 30 de novembro, as atividades presenciais deverão recomeçar a partir de 17 de janeiro de 2022 em todos os setores administrativos, técnicos e laboratoriais, mediante a participação de até 50% de servidores (docentes e técnico-administrativos) e bolsistas de cada Unidade (acadêmica ou administrativa).

No ensino de graduação, para o próximo semestre, continua em vigor a Resolução n. 25/2020 do CEPE, que regulamenta o Ensino Remoto Emergencial. A Resolução, modificada em novembro, autoriza as atividades de ensino presenciais, desde que sejam respeitadas as diretrizes do Comitê Covid. As decisões são delegadas às Unidades e departamentos.

Para o ano letivo de 2022, que deverá iniciar em junho, não há nenhuma indicação sobre a amplitude e as condições para o retorno presencial. Enquanto o Ensino Remoto se eterniza, a Administração tenta dar ares de normalidade impondo a aceleração do calendário letivo.

O ANDES/UFRGS, que vem denunciando o conformismo da Administração Central autoritária com os cortes de verbas e com a política de esvaziamento da Educação pública, reitera a necessidade de um retorno presencial seguro e em acordo com as necessidades de docentes, TAEs e estudantes, exaustos do sistema remoto mas cientes de que a presencialidade demanda ajustes e protocolos sérios e embasados cientificamente.

Comprovante de vacinação sim, intervenção não!

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