A comunidade universitária do Campus Litoral Norte (CLN) está organizando um abaixo-assinado contra a extinção arbitrária da Colônia de Férias da UFRGS em Tramandaí. O espaço, cuja estrutura era reivindicada pelo campus, foi transferido à Pró-Reitoria de Inovação (PROIR) pela Reitoria interventora em janeiro, sem aval do Conselho Universitário e à revelia de demandas antigas da unidade.
“Talvez a única forma de pararmos este processo seja pela via judicial”, analisa o professor Dilermando Cattaneo da Silveira, do Departamento Interdisciplinar do CLN, antecipando que a mobilização pela revogação da medida inclui, ainda, publicação de notas e cartas de entidades parceiras e inclusão da pauta em plenárias de departamento e outros espaços administrativos, para aumentar o envolvimento da comunidade interna.
Abraço simbólico
No sábado (29), houve manifestação em apoio ao CLN em Tramandaí. Um ônibus oferecido pela Assufrgs e pelo ANDES/UFRGS e levou estudantes, docentes e servidores técnico-administrativos de Porto Alegre para participarem do ato, que contou com abraço simbólico à Colônia de Férias. Magali Menezes, presidenta do ANDES/UFRGS, participou em apoio à luta do Campus. “Toda e qualquer destinação deste espaço deve ser debatida com a comunidade acadêmica”, afirmou.
Para Dilermando, a mobilização mostrou o problema para a sociedade e exerceu pressão sobre a Reitoria, mas a repercussão segue tendenciosa. “Sobretudo as notícias veiculadas na ZH/RBS tiveram comentários agressivos, o que demonstra, entre outras coisas, que as pessoas pensam que queremos a Colônia como espaço de lazer e férias, desconhecendo nossa reivindicação de que ela seja usada como alojamento/moradia estudantil e como espaço para atividades acadêmicas (salas de aula para cursos noturnos, laboratórios, salas de reunião, etc)”, esclarece.
“Esse é um espaço para nos reunirmos, trabalharmos. Tornar esse um local que atende apenas ao parque tecnológico vai restringir o uso do prédio. Mas, usar esse espaço para as atividades do CLN faz parte de um processo de consolidação da UFRGS no Litoral, o que beneficia toda a comunidade daqui” acrescenta a professora Sinthia Cristina Batista.
Demanda antiga
A ocupação do espaço da Colônia de Férias é demanda antiga de parte da comunidade do Campus Litoral Norte da UFRGS (CLN), que ainda aguarda o fim das obras de três pavilhões, iniciadas em 2017, e vinha utilizando a área em eventos culturais e acadêmicos. Nos primeiros meses da pandemia, após o fechamento do RU, o local também serviu de base para a entrega de marmitas a estudantes beneficiários.
“Ao longo de 2021, a Direção do Campus percebeu a necessidade de uso da Colônia para fins acadêmicos, já que as obras de ampliação estão paradas desde 2018 e há cursos com funcionamento integralmente no turno da noite que demandam transporte, sendo que as empresas de ônibus não chegam à sede na ERS-030, distante das áreas urbanas de Tramandaí e de Osório”, esclarece Dilermando.
O assunto já foi levado ao Conselho Universitário (Consun), que divulgou moção de repúdio e criou uma comissão especial para analisar o caso. “Além de ter caráter antidemocrático, a decisão afeta negativamente o processo de instalação e consolidação do Campus Litoral Norte (CLN)”, frisa o Consun, solicitando a reversão da medida.