Criado no final de 2021, o Núcleo Ampare – Assédio Moral, Projeto de Acompanhamento e Reparação da UFRGS busca ampliar o debate e a atenção institucional para questões relacionadas ao assédio na universidade. No dia 17 de dezembro, foi protocolada minuta de resolução no SEI com objetivo de normatizar, mediante aprovação do Conselho Universitário (Consun), questões associadas à temática.
A intenção é pautar o assédio em amplo sentido, incluindo, além do assédio moral e do assédio sexual, problemas como violências étnico-raciais e de gênero. Conforme a professora do Instituto de Artes Paula Mastroberti, uma das coordenadoras do Núcleo, ainda não há data para a apreciação da minuta no Consun, mas “em princípio, o órgão deliberativo teria sido favorável à proposta”.
Campanhas de conscientização
O Núcleo teve origem em projeto de extensão em 2020, sob coordenação da professora Jeniffer Alves Cuty, do Departamento de Ciências da Informação da Fabico, atuando em parceria com outros programas como o HeForShe e o Parents in Science.
“Através de leituras, debates e palestras com convidados, estudamos vários tipos e formas de exercer, prevenir e combater o assédio, assim como temas da justiça restaurativa”, conta Paula, explicando que assumiu a coordenação porque a professora Jeniffer iniciará pós-doutorado em breve.
Para este ano letivo, estão previstas diversas frentes de atuação. “Um dos nossos eixos de trabalho é poder criar campanhas de conscientização além da produção científica, impactando a comunidade acadêmica com ações colaborativas para implementar uma cultura de paz na universidade, cujas relações institucionais podem ser bem truncadas às vezes”, esclarece o técnico-administrativo William Mella Girotto, que também coordena o Núcleo.
Assédio no ERE
Em tempos de ensino e trabalho remoto, o debate se mostra não só necessário, como providencial na medida em que a precariedade do trabalho, potencializada na pandemia, é fator de risco para que relações se tornem injuriadoras.
“Da forma como foram instituídas as atividades remotas, acabamos, sem querer e inconscientemente, promovendo um certo tipo de assédio que até então não era comum na nossa universidade, como, por exemplo, não respeitar horários de trabalho dos servidores, forçar uma carga de trabalho maior do que aquela que nos seria exigida, fazer pressão através de contatos de whats app ou email, entre outras”, explica Paula.
Segundo ela, o problema também pode se estender para as redes sociais, políticas de cancelamento e pela não escuta através de grupos de whatsapp, que muitas vezes calam ou eliminam alguns servidores de propósito para que não tomem parte de uma discussão ou não saibam o que está ocorrendo em ternos de decisões muitas vezes importantes.”
Denúncias
Apesar de não ser um canal de denúncia, o Ampare pretende, através da conscientização, reduzir comportamentos abusivos na UFRGS, assim como estimular e encorajar relatos, junto à Ouvidoria, quando alguém da comunidade sofrer ou testemunhar situações de abuso. “Temos que pensar e falar sobre isso”, reforça Paula.
Mais informações sobre o coletivo podem ser obtidas pelo email nucleoampare@ufrgs.br.