ANDES-SN divulga Carta de Porto Alegre, registro histórico do 40º Congresso

O ANDES-SN divulgou nesta segunda-feira (11) a Carta de Porto Alegre, registro histórico do 40º Congresso do Sindicato Nacional, que aconteceu de 27 de março a 01 de abril na capital gaúcha.

O documento sintetiza os debates e decisões do primeiro evento deliberativo presencial do Sindicato, realizado após dois anos de encontros virtuais. Destaca a importância da UFRGS, uma das mais de 20 IFEs a sofrerem intervenção do governo federal, como sede do evento: “A Seção Sindical dos Docentes da UFRGS, que diariamente luta contra o peleguismo sindical do PROIFES e contra o reitor interventor de Bolsonaro, organizou o Congresso. Os grupos mistos ocorreram no campus central da universidade que simbolizou e simboliza a luta de docentes, discentes e servidore(a)s contra a ditadura militar. Ícones dessa luta, por exemplo, foram a ocupação da Faculdade de Filosofia em 1968, por mais de 700 estudantes, e a luta do coletivo Memória e Luta, que denuncia o período de ditadura militar. Como dito no memorial instalado no campus central, por conta dos 50 anos de expurgos da UFRGS: ‘Aos que lutaram, resistiram e nos legaram solidariedade e esperança’”.

A vida acima dos lucros

Lembrando as vidas perdidas nesse momento trágico da história, pela negligência do governo Bolsonaro na condução da Covid-19 e demora na oferta de vacinas à população brasileira, a Carta homenageia o funcionário da entidade Marcos Goulart de Souza, morto em decorrência da pandemia.

“Durante cinco dias reuniram-se 86 seções sindicais, 430 delegada(o)s, 108 observadora(e)s, 17 convidada(o)s, o presidente em exercício do ANDES-SN e 34 diretora(e)s, que se distribuíram em 23 grupos mistos e participaram de cinco plenárias, culminando, dia 01 de abril, com um grande ato público em defesa das liberdades democráticas e dos serviços públicos.” Na abertura do Congresso, a Carta destaca a presença da liderança indígena Woia Paté Xokleng e das cubanas Maria Caridad Cabrera Cordero e Gloria Carmenate Rodríguez, representando a Central de Trabajadores de Cuba, “país e povo que, mesmo diante do criminoso bloqueio imposto pelo imperialismo estadunidense, demonstrou ao mundo que é possível sobrepor a vida aos lucros”.

Entre as plenárias, lembra a Carta, os participantes puderam “ouvir o slam de poesia de Natália Pagot e Janove, dançar e conectar-nos à música de Marietti Fialho e Cia. Luxuosa e aos tambores, danças e história do Candombe com a Comparsa Tambor Tambara”.

Decisões e mobilizações

Enquanto o Congresso definia o Plano de Lutas para o próximo ano, docentes de todo país participavam do “Ocupa Brasília”, uma vigília em Brasília, “como parte de nossa campanha salarial junto com FONACATE e FONASEFE e que busca consolidar cada vez mais a construção de uma greve geral unificada”. No plano organizativo, a Carta destaca a decisão de concentrar os esforços de 2020 na luta e “estender em poucos meses o atual mandato e realizar as eleições para a próxima diretoria em maio de 2023”.

O enfrentamento a todas formas de opressão se fez presente na própria dinâmica do encontro, na coordenação das plenárias por mulheres dirigentes do Sindicato Nacional, e em manifestações públicas contra o machismo e o racismo.

Moções

Além da Carta de Porto Alegre, o Sindicato Nacional divulgou as moções aprovadas no 40º Congresso. Quase 30 manifestações foram aprovadas pela Plenária, incluindo temas como intervenção em universidades federais, perseguição a docentes, privatização de RUs, carreira docente e o assassinato de Marielle Franco, entre outros.

Uma das moções manifesta apoio aos estudantes indígenas, negros e negras da Casa do Estudante Universitário (CEU) UFRGS frente às situações de racismo vivenciadas no cotidiano desse espaço de moradia. “Sabemos que o racismo é estrutural e, portanto, requer uma constante análise e posicionamento frente às situações evidenciadas de modo a combatê-las, uma vez que não se tratam de fatos isolados. Manifestamos nosso repúdio ao racismo institucional e nossa solidariedade e apoio à permanência de estudantes cotistas nos cursos de graduação e pós-graduação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul”, diz a nota.

Para ler a íntegra de todas as moções, acesse aqui.