Sobre a consulta informal para reitoria da UFRGS: coerência versus traição

Os compromissos

A Resolução 92/2024 do Conselho Universitário da UFRGS estipulou o formato de consulta informal à comunidade universitária, conduzida por uma comissão de representantes das entidades, com apuração paritária entre os segmentos de docentes, técnicos-administrativos em educação e estudantes de graduação e pós-graduação.

A Comissão de Consulta Informal (CCI) se consolidou em 6 de junho e lançou o edital de convocação em 10 de junho. Formada por representantes indicados pelas entidades representativas da comunidade universitária, sindicatos docentes, de técnicos administrativos e DCE e APG, além de representação da associação de ex-alunos, a CCI conduziu os trabalhos para garantir a consulta.

O pró-reitor de inovação da reitoria interventora impetrou ação judicial para impedir o processo. Despacho judicial de 3 de julho garantiu que a consulta poderia ocorrer via sistema da UFRGS, mas sem a apuração paritária por parte da CCI. Nada diz a respeito das entidades, que não se confundem com a CCI e nem com a UFRGS.

A 9 de julho, na sede da Assufrgs, dirigentes das entidades organizadoras da consulta firmaram um acordo de divulgação conjunta, de modo independente, do cálculo paritário dos votos. Adufrgs, ANDES/UFRGS, Assufrgs, APG e DCE reafirmavam a necessidade de respeitar a decisão do Consun e garantir politicamente a autonomia universitária.

O Presidente da Adufrgs concordou com a proposta e participou da redação de texto a ser divulgado pelas entidades com o cálculo paritário, em caráter informal e independente.

A traição (de novo)

A 12 de julho fomos surpreendidos pela comunicação de que a Adufrgs não participaria mais da divulgação coletiva do cálculo paritário. Tal qual ocorrido na disputa para a reitoria em 2008, quando aplicou sozinha e à revelia fator redutor no cômputo de votos, a Adufrgs trai novamente o acordo entre as entidades. Pergunta muito importante a ser respondida para toda a comunidade universitária da UFRGS: por que a Adufrgs rompeu o acordo e não divulgou o cálculo paritário dos votos da consulta informal para a reitoria da UFRGS?

Ontem, 15 de julho, dia da consulta, em nota enviada aos docentes às 22h, a Adufrgs afirma: “Caberá aos conselheiros e às conselheiras do CONSUN exercerem suas atribuições quanto às eleições para a Reitoria da UFRGS, no dia 19 de julho, agindo de acordo com a lei e com o Estatuto da Universidade” numa clara traição ao compromisso assumido anteriormente com a comunidade, a democracia e a paridade aprovada pelo CONSUN.

Compromisso e coerência

No dia de ontem, logo após a divulgação dos dados brutos pelos organizadores da votação e pela CCI, o ANDES/UFRGS junto com Assufrgs, APG e DCE, cumpriram o compromisso assumido.

Hoje, em nota postada nas nossas redes de divulgação, afirmamos a vitória da Chapa 3 e reiteramos nossa intransigência na defesa da autonomia universitária, da paridade e da democracia.

 

Conclamamos a Adufrgs a retificar seu ato de covardia e assumir o compromisso político com a comunidade universitária retomando os termos do acordo que as entidades firmaram em 9 de julho.

Acovardamento jamais!

Por isso, vamos todas e todos juntos na sexta-feira, 19/7, às 8h, à frente das grades que encastelam a reitoria, lutar para garantir que as resoluções do Consun sejam cumpridas e que o acordo entre as entidades seja respeitado.

Pela paridade! Pela democracia! Pelo princípio constitucional da autonomia universitária! Pela independência das entidades!