Data: 23 maio 2012 – Hora: 20:37 – Por: Portal JH
Professores de 43 universidades federais brasileiras estão de braços cruzados. Desde o dia 17 de maio, uma greve nacional dos docentes de instituições federais de ensino foi deflagrada. O movimento, coordenado pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), não obteve eco na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, devido ao posicionamento discrepante do Andes e a Associação dos Docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Adurn).
O movimento grevista no País foi iniciado na quinta-feira. Até ontem (22), pelo menos 43 instituições de nível superior já haviam aderido. O pleito da categoria diz respeito à carreira única com incorporação das gratificações em 13 níveis remuneratórios, variação de 5% entre níveis a partir do piso para regime de 20 horas correspondente ao salário mínimo do Dieese (atualmente calculado em R$ 2.329,35), percentuais de acréscimo relativos à titulação e ao regime de trabalho, assim como a incorporação dos benefícios para os aposentados.
O reclame dos professores é por causa da proposta considerada baixa (aumento salarial de 4%) apresentada pelo Governo Federal após dois anos de discussões e negociações, além do congelamento salarial de dois anos.
O professor aposentado da UFRN e membro da direção da Andes nacional, Almir Menezes, afirma que o receio da categoria é que aconteça como o ano passado, em que o Governo não apresentou propostas concretas até o prazo final para remeter o projeto de lei ao Congresso Nacional o que obrigou aos sindicatos aceitarem a proposta em acordo emergencial – mesmo com 90% de desaprovação das entidades.
Além de melhorias salariais, os professores exigem melhores condições de trabalho na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Problemas como salas superlotadas – ao ponto de alunos em alguns cursos terem que ‘disputar’ cadeiras para assistir aulas com o mínimo de conforto – além de docentes sobrecarregados de atividades, daí a exigência pela realização de concursos públicos.
Além disso, a Andes tece críticas à direção Associação dos Docentes da UFRN, que não teria realizado assembleias para votar a paralisação, como ocorrido em outras universidades.
“Numa decisão arbitrária, a Adurn decidiu que não haveria greve, sem consultar a categoria que representa”, reclama Almir Menezes. Segundo ele, como forma de protesto, um abaixo assinado online está sendo repassado aos professores, e foi agendada uma assembleia no dia 30 de maio, às 11 horas, no Centro de Convivência da UFRN, em que os profissionais irão deliberar no que tange à paralisação e adesão ao movimento.
O professor e presidente da ADURN, João Bosco Araújo, explica que não houve assembleia porque a categoria ainda está em negociação com os gestores federais.
“Houve um acordo e o Governo cumpriu. Tivemos conquistas, como a incorporação das gratificações ao Vencimento Básico, reivindicação histórica do movimento, bem como a equiparação do teto como a Carreira de Ciência e Tecnologia. Agora, vamos esperar até o prazo final acordado para o Governo apresentar os resultados das mesas de negociação, dia 30 de maio, e só em seguida iremos realizar assembleia. Não se deflagra greve no processo de negociação”, pontua o presidente.
Ele prevê para o dia 3 de junho a conclusão das análises quanto à proposta governamental, que em seguida será apresentada à categoria da UFRN.
Segundo ele, a paralisação é parcial nas instituições em greve. “Achamos que a greve foi intempestiva, feita de forma a atrapalhar a nossa negociação. Nossa concepção é de fazer um sindicalismo responsável”, opina. Todavia, caso seja apresentado um abaixo assinado com boa adesão exigindo a realização de uma assembleia da categoria, o pedido será acatado pela direção da Adurn.