A Secretaria da Educação (Smed) de Porto Alegre divulgou, nesta terça-feira (5), o calendário escolar da rede municipal, marcando a retomada das aulas presenciais para 22 de fevereiro.
Segundo a recém empossada titular da pasta, Janaina Audino, o ano letivo de 2020 será concluído nesta sexta-feira (8), com a validação das 800 horas/aula de ensino remoto. “Entendemos que quanto mais cedo terminarmos 2020, mais cedo poderemos começar o ano letivo de 2021. Teremos mais tempo para planejar dentro da secretaria e junto às escolas o retorno das aulas presenciais em 22 de fevereiro, com todos os cuidados devidos e protocolos”, afirmou a secretária, em reportagem da Gaúcha ZH.
O calendário vale para as escolas de Educação Infantil e Ensino Fundamental da rede.
Atropelos e incertezas
Apesar do cronograma apertado, a Secretaria ainda não tem pronto o esquema de volta às salas de aula, que deverá adaptar capacidade, ventilação e distanciamento entre alunos(as), educadores(as) e servidores(as).
De acordo com Janaina, será realizado um estudo técnico individualizado com arquitetos, considerando quantos alunos cada sala poderá receber.
Vale lembrar que, conforme informações da própria Prefeitura, a Rede Municipal de Ensino é formada por 99 escolas, com cerca de 4 mil professores e 900 funcionários, atendendo mais de 50 mil alunos (sem contar as instituições de Educação Infantil conveniadas, que somam mais de 16 mil crianças) – cenário que parece amplo demais para o calendário de adaptação necessária em prazo tão exíguo.
“Estamos propondo uma volta às aulas com prioridade para alunos que não tiveram contato com escolas ao longo do ano. Deveremos encaminhar um rodízio para tentar atender a todos os estudantes. Esse número ainda será levantado”, diz a secretária, evidenciando que as informações necessárias ao planejamento ainda não são conhecidas.
Sindicato dos municipários contesta retorno inseguro
“A possibilidade de termos em fevereiro uma situação pior da que temos hoje em relação ao combate do novo coronavírus é concreta. A ciência está dizendo e há uma expectativa da classe médica de que o panorama da doença se agrave com um maior número de contágios e um aumento da população que precisa de atendimento de saúde, justamente por conta das festas de final de ano. O que a gente tem dito e vamos continuar dizendo é que a atividade presencial no ambiente escolar só poderá ocorrer com a garantia de 100% de segurança sanitária, prevista inclusive em protocolos emitidos pelos governos estadual e municipal”, disse, em entrevista ao Correio do Povo, a diretora de Comunicação do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), Cindi Sandri.
Confira abaixo o cronograma da Smed/POA
- 11/1 a 9/2 – Férias escolares
- 10, 11 e 12/2 – Planejamento e elaboração do calendário
- 18 e 19/2 – Formação pedagógica (em planejamento)
- 22/2 – Retorno das aulas presenciais
Possível greve sanitária nas IFEs
Em relação ao ensino superior federal, depois de muitas idas e vindas a respeito, o governo federal determina a retomada das aulas presenciais em 1º de março, exceto nos casos de “suspensão das atividades letivas presenciais por determinação das autoridades locais” ou “condições sanitárias locais que tragam riscos à segurança das atividades letivas presenciais”.
Caso o Ministério da Educação (MEC) insista no retorno em meio à pandemia da Covid-19, antes da vacinação, docentes das Universidades federais poderão iniciar uma greve sanitária, conforme deliberação do 9º Conad Extraordinário do ANDES-SN, em setembro. As seções sindicais do Sindicato Nacional realizarão assembleias locais até 5 de fevereiro para avaliar a adesão. Em breve, a diretoria do ANDES/UFRGS convocará assembleia de docentes para debater o tema.