O ANDES/UFRGS participou, nos dias 27 e 28 de maio, do seminário “Qual Universidade estamos construindo para o retorno presencial?”. Promovido pela AdufPel, o encontro aconteceu na sede nova da entidade, em Pelotas, e reuniu representantes de diversas seções sindicais do Sindicato Nacional.
Problemas como sucateamento, impactos do Ensino Remoto e falta de transparência nos dados durante a pandemia foram abordados pelos participantes, que manifestaram receio a respeito dos cortes de verbas e seus efeitos na retomada integral das atividades.
“Do mesmo modo que iniciamos o ERE, estamos terminando, sem planejamento, jogando nas costas das Unidades a responsabilidade por este retorno que, na UFRGS, será em 13 de junho”, lamentou a presidente do ANDES/UFRGS, Magali Mendes de Menezes, que criticou o autoritarismo da Reitoria interventora.
“Voltaremos ao 100% da presencialidade sem saber ao certo como será. Temos um Comitê Covid criado no início da pandemia, que tem balizado a condução de medidas de segurança, mas que vem sendo patrolado por pró-reitores constantemente. Não temos dados sobre a evasão, NI e disciplinas represadas”, relatou.
Magali também denunciou a falta de estrutura física, o corte no auxílio estudantil e problemas nos RUs, “o que mostra mais nitidamente que a política do governo federal é implementada do mesmo modo dentro da universidade, através da visão negacionista e do sucateamento da universidade para poder privatizá-la”.
Falta de verbas
Para Teresinha Hecker Weller, da Sedufsm, a pandemia trouxe à tona o processo de desmonte da universidade, que, em função do sucateamento crescente, torna a presencialidade cada vez mais complexa.
“O uso de plataformas privadas abre um espaço perigoso para, cada vez mais, a EAD se instalar nas universidades como solução”, acrescentou Adriana D’Agostini (UFSC), que apresentou um panorama das Universidades Públicas no Brasil nos últimos anos e informou que o orçamento da instituição segue o mesmo desde 2010.
A docente reforçou que a falta de recursos afeta diretamente o trabalho docente: “Sem concursos, sem estrutura para exercer o ensino, a pesquisa e a extensão, tudo isso são problemas sérios que vivemos hoje”, analisou. “Sem falar no ataque à autonomia e nos espaços de colegiado esvaziados”.
Adriana acredita que, no retorno presencial, não encontraremos a mesma universidade que tínhamos. “Mas, que universidade queremos? A que tínhamos antes?”, provoca.