Convocada pelo ANDES/UFRGS, a Roda de Conversa sobre Ensino Remoto Emergencial (ERE) na UFRGS aconteceu nesta terça-feira (16), em formato virtual. A proposta do ERE foi enviada no dia 08 de junho ao Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) da UFRGS e, se aprovada, prevê a retomada do semestre com as atividades remotas a partir de 22 de julho.
A segunda edição de debates on-line promovidos pela Seção Sindical foi coordenada pelo professor Guilherme Dornelas, da Escola de Administração e da Diretoria do ANDES/UFRGS, e contou com docentes de diversas unidades. A primeira roda de conversa organizada pela Seção durante o período de isolamento social, realizada em 20 de maio, tratou da carreira docente em tempos de pandemia.
Um dos pontos sobre ERE destacados pelos participantes foi o conceito adotado no documento apresentado ao CEPE pela Pró-Reitoria de Graduação (Prograd). O texto citado está baseado no artigo “The difference between emergency remote teaching and online learning“, publicado em uma revista eletrônica de qualidade duvidosa sem registro nas bases de dados oficiais brasileiras.
Também foram discutidos dados levantados junto aos discentes em pesquisa realizada pela Prograd. Além do baixo número de respondentes – em torno de 50% do universo de alunos –, a enquete apontou para um quantitativo significante de alunos sem acesso à Internet em casa ou com equipamentos inadequados para o acompanhamento das atividades a distância.
Em uma das falas, foi observado que as tecnologias de Internet para equipamentos móveis, com limite de dados, não são suficientes para o método de ensino, mesmo em formatos assíncronos com vídeo-aulas. “Com a oferta simultânea de disciplinas em formato remoto sem auxílio da Universidade, esses alunos não conseguirão acompanhar as atividades”.
Docentes que ministram disciplinas EAD relataram as dificuldades dos alunos acompanharem as disciplinas no contexto da pandemia, e sem acesso aos equipamentos da Universidade.
Diversas manifestações concordaram que o ERE aumenta a desigualdade de acesso dos estudantes ao ensino.
Dilermando Cattaneo (Campus Litoral Norte), integrante do grupo das Comissões de Graduação (Comgrads) que redigiu o documento encaminhado ao CEPE, informou sobre um mapeamento que tem sido realizado junto a alunos em situação de vulnerabilidade socioeconômica. O objetivo é identificar centros comunitários que possam receber equipamentos para que os alunos da UFRGS acessem os ambientes virtuais de aprendizagem e acompanhem as atividades remotas.
Sobre a criação desses centros, resta uma dúvida: na prática, quanto tempo levaria para a aquisição de equipamentos e a doação ou empréstimo pela UFRGS?
Os docentes das mais diversas unidades apontaram para a necessidade de continuarem conversando sobre o assunto, conforme a ERE tramita na Universidade. A próxima reunião virtual ficou marcada para o início de julho, em data a ser divulgada.
Sobre a necessidade de manter alunos vinculados às atividades da Universidade, foram apontadas a possibilidade de criação de grupos e ações de solidariedade e a vinculação de estudantes a projetos de pesquisa e atividades de extensão, como o ANDES⁄UFRGS já havia sugerido em Nota.
Lembramos, ainda, que a Assessoria Jurídica da Seção Sindical está à disposição dos docentes que se sentirem, de algum modo, prejudicados pela implementação do ERE, seja pelos riscos, ônus ou pela sobrecarga de tarefas, no planejamento e implementação de atividades de ensino em um novo formato.