19 de junho de 2019

Pesquisador da sociologia do trabalho e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Ricardo Antunes abordou as tendências contemporâneas das relações de trabalho em palestra na Faculdade de Direito da UFRGS na última segunda-feira (17). Promovida pela Comissão Interna de Supervisão do Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos (CIS) da Universidade, a palestra teve foco na precarização do trabalho.

Em sua fala, Ricardo Antunes indicou que vivemos uma época de “devastação social do trabalho”, com a destruição de tudo que foi construído em termos de direitos trabalhistas e sistema de proteção ao trabalho. Para ele, o setor de serviços concentra grande parte do trabalho precarizado, com atuações intermitentes e sem garantias.

O pesquisador citou ainda a criação de uma nova “classe”, cuja representação está além dos sindicatos. O termo “precariado”, já utilizado pelos próprios trabalhadores, inclui tanto aqueles que estão numa condição legal, quanto os que são ilegais, numa condição ainda mais desprivilegiada, como os imigrantes.

O ANDES/UFRGS esteve presente, representado pelo professor Guilherme Dornelas Camara, da Escola de Administração, e pelo professor Tiago Martinelli, do Departamento de Serviço Social, do Instituto de Psicologia. “Antunes mostrou que as novas tecnologias tornam-se suporte para novas dinâmicas de trabalho, no que ele chama de cybertariado”, pondera o professor Guilherme.

Fala respaldada em números

A apresentação do professor Antunes vai ao encontro de pesquisa divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta semana. De acordo com o Instituto, vagas intermitentes ou parciais representam 15,5% do total de postos criados entre novembro de 2017 e abril de 2019, sendo mais utilizadas por empresas de pequeno porte, de até 19 empregados (42,6% do total). Ainda segundo a pesquisa, o impacto da nova legislação trabalhista não pode ser mensurado adequadamente em função da crise econômica na qual o país se encontra.