Neste sábado (6), representantes de seções sindicais do ANDES-SN em todo o Brasil participaram da reunião virtual conjunta dos setores das instituições federais (IFES) e das estaduais e municipais (IEES-IMES). O objetivo da reunião foi debater sobre a possibilidade de uma greve sanitária frente às dificuldades de enfrentamento da Covid-19 na atual conjuntura das atividades docentes, e possíveis encaminhamentos para a questão. A proposta de greve sanitária é um instrumento de luta e defesa da vida, caso haja a imposição de um retorno às atividades presenciais antes de vacinação massiva da população. Aproximadamente 90 participantes de mais de 50 seções sindicais estiveram presentes.
“Chamou a atenção de todos o relato dramático dos (as) colegas da UFAM, informando que quase 100 membros da comunidade acadêmica da Universidade (docentes, técnicos e estudantes) já faleceram em decorrência da pandemia desde março de 2020”, conta o professor Rafael Cortes, representante do ANDES/UFRGS no encontro. Ele relata ainda que diversas seções tiraram em assembleias a possibilidade de uma greve sanitária caso seja exigido o retorno das atividades presenciais sem a imunização através da vacina. “Outras assembleias com a mesma pauta ainda serão realizadas nos próximos dias.”
A presidenta da ADUFPel, Celeste Pereira, destaca que ainda não há medidas protetivas suficientes para evitar a propagação do novo coronavírus. “Apesar de os/as docentes estarem no grupo a ser vacinado em etapa a vir, técnicos e estudantes não estão. Tampouco as universidades estão adequadas para este novo momento. Não poderemos mais ter salas lotadas, com 40, 60 ou mais estudantes, nem sem ventilação e demais medidas protetivas”, alertou a docente.
Mobilização docente é necessária
Para Cesar Beras, presidente da Sesunipampa, a reunião que durou aproximadamente 10 horas “afirmou importantes estratégias discutidas amplamente na base e ali potencializadas: indicativo de greve sanitária contra qualquer tentativa de volta as aulas presenciais sem a vacina para todos e todas e as condições sanitárias adequadas(prédios, equipamentos, protocolos e etc.)”. Ainda, segundo ele, “junto com a articulação da greve sanitária se pensa a articulação de movimentos fundamentais: a demarcação com a reforma administrativa que quer destruir com o serviço e os servidores públicos e o impeachment de Bolsonaro e Mourão que negam a ciência e a vacina e comprometem a vidas de todos brasileiros e brasileiras”.
“A reunião conjunta dos setores das IFES e das IEES/IMES do ANDES-SN apontou as dificuldades de mobilização da categoria docente diante de um quadro de trabalho remoto que amplia o distanciamento do(a) professor(a) com o(a)s colegas, com a instituição em que atua e, também, com sua representação sindical”, apontou o professor André Martins, presidente do Sindoif. “Neste cenário, é fundamental construir a mobilização da categoria para a luta em todas as universidades, institutos federais e CEFET. Do contrário, não teremos como responder de forma adequada os desafios do enfrentamento do retorno presencial negacionista e, também, da pauta de retirada de direitos que se aproxima com a reforma administrativa – em especial após as recentes eleições ocorridas na Câmara e no Senado”, acrescentou Martins.
Celeste Pereira também destacou a importância de manter a mobilização docente em virtude da emergência do tema: “em que pese termos deliberação de congresso contrária ao ensino remoto como modalidade de ensino permanente, não há qualquer condição de retorno presencial com o cenário atual. Trata-se, na verdade, de uma greve humanitária, se houver imposição de retorno presencial. Uma série de manifestações estão previstas até o 11º CONAD extraordinário, assim como o debate permanente nas AG da base de categoria, onde teremos a possibilidade de tomar a decisão mais acertada para esse enfrentamento”.
As discussões devem prosseguir no âmbito das seções sindicais até a realização do 11º Conad, nos dias 27 de março e 3 de abril, quando novo debate sobre o tema deve ser realizado pela categoria. O tema central do evento será “Em defesa da vida, dos serviços públicos e da democracia e autonomia do ANDES-SN”.