Precisamos da suspensão do calendário acadêmico para manter todas/os na UFRGS

Passados 18 dias das chuvas que assolam o Rio Grande do Sul, em especial frente à gravidade das consequências para a Região Metropolitana de Porto Alegre, já há evidências de que esta tragédia tem sido tratada de forma, no mínimo, apática pela administração central da UFRGS, demonstrando, mais uma vez, um total despreparo na condução de nossa instituição.

As ações espontâneas das Comgrads e dos Programas de Pós-Graduação e Departamentos nos deram algumas informações sobre as condições dos nossos estudantes, docentes e técnicos-administrativos em educação e compensaram a inação da reitoria interventora. Mesmo que estas iniciativas tenham gerado alguns dados, não se sabe ao certo quantos de nós estão desabrigados, foram desalojados ou tiveram cortes prolongados d’água, energia elétrica e/ou internet.

Algumas unidades estão diretamente afetadas pelas enchentes. Como informado pelo ForumDir, na quinta-feira última (18), a Escola de Administração ainda estava alagada e não se sabe o tamanho do estrago, a Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança (Esefid) se tornou abrigo para mais de 600 pessoas e a Faculdade de Farmácia tornou-se a principal central de medicamentos da região metropolitana, atendendo a 168 abrigos, além de municípios.

Apenas na tarde de hoje a administração central da UFRGS se manifestou sobre o prolongamento da suspensão das atividades acadêmicas até 1º de junho. Ainda que a medida seja crucial para dar alguma tranquilidade, principalmente para os desabrigados e para todos da comunidade da UFRGS que estão comprometidos nos mais diversos tipos de atividade nesse momento, ela é insuficiente, pois mantém as atividades técnicas e não responde às necessidades de quem foi atingido, se pensamos no médio ou longo prazos.

Ressaltamos que a UFRGS não está parada. As entidades representativas da comunidade universitária apoiam ações de acolhimento e abrigo. Centenas de docentes, técnicos-administrativos e discentes atuam em frentes absolutamente necessárias no atual momento e não precisam conviver com a pressão do eventual retorno das atividades em contexto precário.

Ainda, não devemos sucumbir a uma reedição do ensino remoto emergencial (ERE), cujos efeitos nocivos à formação das e dos estudantes e ao processo de trabalho docente ainda são notados hoje.

Nenhuma instância decisória da UFRGS pode prescindir da participação de sua comunidade. Por isso, é fundamental que as reuniões do Conselho Universitário (Consun) e do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) aconteçam, quando possível e seguro, de modo presencial. Nessa ocasião, apelamos para que o CEPE aprove a suspensão não apenas das atividades didáticas, mas do calendário acadêmico, garantindo que ninguém ficará para trás, principalmente quem mais precisa.

Saudamos os esforços de todas e todos que estão em campo para acolher, abrigar e apoiar os desabrigados. Lembramos que o ANDES Sindicato Nacional está liderando uma greve e que o ANDES/UFRGS e as demais seções sindicais do RS, diante da crise humanitária na qual estão atuando, passaram a manter a categoria informada sobre o andamento das negociações, e a realizar manifestações de solidariedade com a greve nacional da educação federal que, reúne, neste momento, 53 instituições federais de ensino. No entanto, não daremos um passo atrás nas reivindicações de orçamento para as instituições federais de ensino, melhores condições de trabalho e estudo, construção da carreira única do magistério federal e o necessário reajuste ainda em 2024. As ações do governo para mitigar os estragos em nosso estado não competem em recursos com a qualificação das instituições de ensino e de seus trabalhadores.