Precarização: estudantes de odontologia da UERN decidem não se matricular para 2020/2

Estudantes do curso de odontologia na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Campus de Caicó, decidiram que não se matricularão para o segundo semestre de 2020, a menos que sejam oferecidas condições dignas para o aprendizado e atendimento na clínica odontológica do curso. O início do novo período letivo está marcado para fevereiro de 2021.

A Associação de Docentes da Uern (ADUERN – Seção Sindical do ANDES-SN) vem reportando desde 2015 a situação vivida no Campus de Caicó, em especial na clínica odontológica – onde os discentes do curso têm, em média, 38% de suas aulas de graduação.

Ainda naquele ano, funcionários e estudantes denunciavam que a falta de manutenção no prédio que abriga as clínicas prejudicava o trabalho realizado. Segundo relatos dos técnicos que atuavam no local, não era incomum ver centrais de ar quebradas e focos de cupins se alastrando dentro de salas, que deveriam ser totalmente esterilizadas.

Paralisação em 2019

Em 2019, a ADUERN também denunciou a situação vivida pelos docentes do curso, que paralisaram as aulas por falta de condições de trabalho. Na oportunidade, os profissionais afirmaram que o estoque de material de consumo para atendimentos a pacientes chegou a zero, e que 85% das cadeiras de atendimento estavam quebradas, impedindo a plena realização das consultas.

Em nota pública, o Centro Acadêmico de Odontologia da UERN afirma que “a preocupação dos estudantes se encontra no andamento futuro do Curso que necessita de uma condição infraestrutural digna para melhor qualidade do ensino e dos atendimentos”.

Os estudantes apontam, ainda, que o curso “precisa de atenção das instâncias superiores, para que possa se reestruturar e assim, continuar contribuindo com a formação de profissionais de saúde e com os serviços prestados à população de Caicó e cidades circunvizinhas de maneira digna”.

Formação prejudicada

“Quando faltam insumos, os estudantes que têm mais condição acabam comprando para garantir os atendimentos. Em outros casos, recebemos doações. Isso é inaceitável e demonstra o quão grave é a situação vivida por estudantes e docentes da UERN”, avalia o estudante Matheus Regis, matriculado no décimo período do curso.

“O curso de odontologia de Caicó recebeu nota 4 no Enade, uma das melhores em todo o Brasil, pelo esforço dos estudantes e professores, que muitas vezes precisam reforçar o conhecimento teórico pela falta de condições de aplicação na prática”, acrescenta.