A Comissão Eleitoral homologou, na quinta-feira (23), os nomes dos representantes docentes eleitos para o Conselho Universitário (Consun) e Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) da UFRGS, dois órgãos decisivos para a defesa da democracia na universidade em meio aos desmandos da Administração Central.
“Precisamos destacar a importância destas eleições tanto para as representações de docentes quanto de técnicos administrativos em um contexto de intervenção por parte da Reitoria. Outro aspecto importante, a partir desta situação, está nos desafios em legitimar e garantir a autonomia universitária a partir das instâncias participativas e democráticas no intuito de defendermos a educação pública gratuita e de qualidade”, avalia Tiago Martinelli, docente do Instituto de Psicologia, eleito como representante no Consun.
A escolha de chapas com uma representação mais ampla deverá abrir mais espaço para a luta docente nas esferas legislativas da universidade. “Motivados pelo horizonte cada vez mais nítido de uma ampla mobilização necessária e de uma imperiosa e ativa proteção dos valores democráticos, o que servidores e servidoras docentes obtiveram como resultado foi não só um prenúncio, mas um passo efetivo do movimento de lutas na UFRGS para mudar o rumo de destruição chancelado pelos interventores”, celebra o professor o professor José Carlos Freitas Lemos, da Faculdade de Arquitetura, eleito para o Consun.
“A imensa conquista alcançada foi a convergência de todos, a movimentação de uma ampla maioria por uma causa comum a diversos grupos, a oposição ao aniquilamento da universidade”, acrescenta, desejando que “esta seja efetivamente uma mudança necessária e fundamental na história das resistências da universidade pública, uma vez que sua defesa contra o projeto ultraliberal e privatizante somente será viabilizada quando bandeiras de confiança e força forem empunhadas por maiorias unificadas e coesas de servidores e estudantes”.
Autonomia e pluralidade
Foram 1820 votantes docentes e 1472 técnico-administrativos para o Consun, 1874 votantes docentes e 1434 técnico-administrativos para o CEPE, conselhos que, desde a posse, vêm resistindo aos desmandos da Reitoria interventora, e garantindo condições mínimas de funcionamento da universidade, como a exigência de comprovação vacinal nas atividades presenciais ou a aprovação de um calendário que considerasse os diversos impactos provocados pela pandemia.
“Pautada pela autonomia (em relação a partidos, sindicatos e à administração central), transparência e defesa dos princípios democráticos na gestão do serviço público, três valores interdependentes, a Representação Autônoma Docente (RAD) tem feito escola, ao lançar candidaturas aos conselhos universitários desde 2016, chamando a atenção para o papel das representações, o trabalho colaborativo e o diálogo transversal permanente. Para além dos/as candidatos/as da RAD que vêm sendo eleitos/as, esse coletivo parece ter estimulado a criar ou a revelar outros coletivos docentes, o que é bastante saudável para o amadurecimento contínuo da comunidade universitária”, analisa Sandra Loguercio, do Instituto de Letras.
Reeleita para o CEPE, ela classifica como positivo o maior número de candidatos/as, a renovação das representações docentes no CEPE e, ao mesmo tempo, um maior equilíbrio entre as representações vinculadas a grupos distintos.
“O resultado da eleição dos representantes docentes consolidou o desejo da comunidade da UFRGS, da pluralidade na composição dos Conselhos Superiores e da renovação de nomes, com vistas à construção e consolidação da UFRGS com os princípios e valores que partilhamos”, destaca Antonio Marcos Teixeira Dalmolin, da Faculdade de Educação (Faced), eleito no CEPE.
“Acredito que a ampliação do número de escolhas de 9 para 18 docentes possibilitou que candidatos de grupos políticos diferentes pudessem ser votados simultaneamente por um mesmo docente”, complementa João Henrique Correa Kanan, suplente no Conselho.
Confira aqui os representantes docentes no Consun
Confira aqui os representantes docentes no CEPE