Participantes do 14º Conad Extraordinário indicam a desfiliação da CSP-Conlutas ao 41º Congresso do SN

Foi realizado, nos dias 12 e 13 de novembro em Brasília, o 14º Conad Extraordinário do ANDES-SN. Após dois dias de debates, as e os participantes deliberaram por indicar ao 41º Congresso do Sindicato Nacional a desfiliação da CSP-Conlutas.

A indicação foi aprovada durante a plenária do Tema 2 (Questões Organizativas), que abordou: “CSP-Conlutas: balanço sobre atuação nos últimos dez anos, sua relevância na luta de classes e a permanência ou desfiliação da Central”.

O evento aconteceu no Auditório da Seção Sindical da Universidade de Brasília (Adunb SSind.), com a presença de representantes de 75 seções sindicais, inclusive do ANDES/UFRGS. “O 14º CONAD Extraordinário foi uma atividade potente do Sindicato Nacional, com debate acirrado e fraterno nos grupos e nas plenárias. O olhar crítico atento ao machismo e a lgbt+fobia e a afirmação peremptória de que ‘com racismo não há democracia’ reafirmaram o compromisso do movimento docente com a luta contra as opressões”, avalia Laura Fonseca, que representou a Seção Sindical no evento.

Debate
A plenária teve início pela manhã, com 40 falas de diversas e diversos participantes, respeitando a paridade de gênero. A proposta “Indicar ao 41º Congresso a desfiliação do ANDES da CSP-Conlutas” foi aprovada com 37 votos favoráveis, 22 contrários e 05 abstenções.

Na sequência, após a votação do mérito, as e os docentes passaram a discutir os textos de resoluções do Caderno de Textos, previamente debatidos nos grupos de trabalho.  O Texto 14, intitulado “Construir a CSP-Conlutas e a Unidade da Classe Trabalhadora”, foi redigido e assinado por nove docentes sindicalizados no ANDES/UFRGS, que manifestou voto contrário à desfiliação do Sindicato nacional.

“Sem abrir mão da crítica à central, mas entendendo que numa conjuntura acirrada pelo avanço da extrema direita e pela luta por nossas reivindicações históricas a serem levadas ao governo que entra em 1º de janeiro, não podemos prescindir da mediação da central sindical e popular na organização de nossa classe”, explica a docente.

Foi encaminhado, ainda, a realização, no próximo ano, de um seminário para debater a organização da classe trabalhadora e continuar construindo espaços aglutinadores das lutas, e recomendações de temáticas e sintetização dos debates.

“No tempo que se abre até  o 41º Congresso, entendo que há três tarefas que precisamos tocar de forma e força concomitantes: (1) a luta contra a extrema direita; (2) a exposição e a pressão sobre o grupo de transição acerca de nossas pautas emergentes, incluindo a revogação das interventorias com solução construída com o ANDES-SN para o tempo que resta aos mandatos ilegítimos (pauta de uma reunião durante o 14º Conad Extraordinário); (3) a capilarização via seções sindicais e regionais do ANDES-SN do debate sobre o tema das centrais sindicais, particularizando a CSP-Conlutas, e o significado da desfiliação numa conjuntura na qual inexiste uma instância de organização da classe trabalhadora, compreendida para além do trabalho assalariado, envolvendo as distintas formas de trabalho precário e os movimentos populares, estudantis e de juventude”, analisa Laura.

Carta de Brasília

O ANDES-SN divulgou, nesta terça-feira (22), a Carta de Brasília, com resoluções do 14º Conad Extraordinário. No documento, o Sindicato Nacional ressalta que o debate sobre a reorganização da classe é central.

“A unidade da classe para o enfrentamento no próximo período precisa ser necessariamente antirracista, antimachista, antilgbtfóbica, anticapacitista, ou não será!!! Essa é a classe trabalhadora brasileira forjada na história das relações sociais capitalistas deste país. O novembro negro traduz a apropriação dessa verdade!”, afirma a carta.

“Nossa tarefa imediata e no médio prazo é derrotar o fascismo também nas ruas. Essa vitória é da luta que se manteve nas ruas pelo Fora Bolsonaro e contra a PEC 32, nos acampamentos indígenas, nas manifestações antirracistas, em defesa do meio ambiente e tantas outras que, somadas ao desespero da fome, do desemprego, levaram a uma enorme vontade de mudar, de esperançar”, acrescenta, enfatizando que “seguiremos com o Plano de Lutas, que a categoria vai atualizar para o próximo período, baseados em nossos princípios: um sindicato que se constrói e se fortalece pela base, com autonomia e independência de classe!”

O 41º Congresso será realizado em fevereiro de 2023, no Acre. O debate sobre a permanência ou desfiliação da CSP-Conlutas será retomado no Andes/Ufrgs, na preparação para o Congresso.