Na terça-feira (18/02), um episódio repulsivo marcou o Salão de Atos da UFRGS. Um estudante prestes a se formar, compareceu à cerimônia de colação de grau dos cursos de Engenharia de Minas Materiais e Metalúrgica, com uma suástica pintada em seu rosto. Em um momento que deveria simbolizar a superação de desafios e a celebração do conhecimento, o gesto injetou um vislumbre de violência e ódio no ambiente universitário.
A diretoria do ANDES/UFRGS não esconde sua indignação. A presença de um apologista do nazismo nas dependências de uma universidade, que deve ser um espaço de diálogo, diversidade e crítica construtiva, é totalmente inadmissível. É imperativo que todos os setores da academia se unam para repudiar e combater toda forma de discurso que incite o ódio e a exclusão.
O nazismo, representado hoje por gestos que ecoam o passado, marcou a história com seu antissemitismo, nacionalismo desmedido e a exclusão de qualquer humanidade. A política nazista culminou no genocídio de um povo e na morte de outros milhões de civis e soldados e permanece como um alerta eterno contra a intolerância.
Embora o estudante tenha sido persuadido a remover a pintura, o constrangimento causado a colegas e demais presentes foi inegável. A suástica, símbolo inconfundível do regime nazista, evoca os horrores da morte de mais de 80 milhões de pessoas durante a 2ª Guerra Mundial. O ato não pode ser encarado como isolado, mas sim inserido em um contexto de recrudescimento da extrema direita e do autoritarismo.
O episódio pede uma reflexão profunda sobre os valores que devem permear o ambiente acadêmico. Um jovem que se prepara para ingressar na vida profissional não pode carregar no rosto o legado de um dos períodos mais obscuros da história moderna. Criticar tais atitudes não é um ato de intolerância à diversidade de opiniões, mas uma defesa intransigente dos direitos humanos e da democracia. Flagrado o fato, a Polícia Federal deveria ter sido imediatamente chamada para cumprir seu dever com a denúncia de um crime num espaço federal.
No Brasil, a Lei 7.716/1989, prevê punições para o uso de símbolos ligados ao nazismo, reforçando o compromisso da sociedade com a erradicação do preconceito de raça e cor. Na UFRGS, o Código Disciplinar Discente, resolução 231/2024 do CONSUN, classifica tais práticas como infrações disciplinares gravíssimas.
Diante da gravidade da situação, o ANDES/UFRGS propõe:
– Defender a alteração das resoluções 405/2011 e 231/2024 para que episódios como este vivido agora na Ufrgs sejam claramente identificados e possam ser severamente punidos no âmbito da universidade;
– Que toda a comunidade seja informada das mudanças nessas normativas e de outras que porventura sejam também importantes para este fim;
– Que a Administração Central, o entramado institucional da Ufrgs e a comunidade universitária sejam instruídos para lidar com situações em que crime de ódio, sexismo, racismo, LGBTIfobia, etarismo etc. são praticados nos espaços da universidade.
O Compromisso intransigente da comunidade acadêmica
Esta postura não é apenas uma reação isolada diante de um episódio isolado, mas um verdadeiro chamado à resistência contra o resgate de ideologias arcaicas e brutais. A preparação de jovens e a formação crítica oferecida pelas universidades devem ser instrumentos eficazes para combater o ódio e preservar os valores democráticos.
O ambiente universitário deve ser espaço do saber e da convivência democrática. O episódio não só trouxe à tona a necessidade de medidas exemplares como também reforçou que não haverá espaço para gestos que lembram o nazismo. Não passarão!
A luta para que a universidade continue sendo um espaço de inclusão, respeito e combate ao discurso de ódio é uma responsabilidade coletiva, e cada atitude firme é um passo indispensável para garantir que o passado não se repita.
Repudiamos o nazismo no espaço universitário, como em toda a sociedade!