Enquanto Porto Alegre registra mais de 90% de ocupação em leitos de UTI e a pandemia do novo coronavírus ruma ao pico de contaminação na cidade, a Prefeitura flexibiliza cada vez mais as atividades não essenciais, expondo ainda mais a população ao contágio. Na segunda-feira (10), foi publicado novo Decreto liberando o funcionamento do comércio por três dias na semana (quarta até sexta-feira), inclusive dentro de shoppings e centros comerciais. O texto também normatiza outras atividades que estavam suspensas por precaução, como academias, estacionamentos, construção civil e atendimento presencial no ramo imobiliário.
No mesmo dia da publicação das novas normas, a ocupação das UTIs na capital atingiu 335 pacientes – a marca mais alta, em números consolidados ao fim do dia, desde o início da pandemia. Mesmo com a ampliação de vagas nos últimos meses, mais de 90% dos leitos intensivos da cidade estão ocupados – sendo mais da metade por pacientes confirmados ou suspeitos de Covid-19.
Os dados ainda mostram que o crescimento nas internações nos últimos sete dias (5%) na capital gaúcha foi maior do que na semana anterior (4,4%), revertendo a tendência das últimas três semanas, nas quais a média de ocupação nos sete dias anteriores à análise era sempre menor do que 14 dias antes.
A Capital já enfrentou lotação hospitalar em anos passados, mas médicos destacam que, em 2020, a grande ocupação é nas UTIs (último nível de atendimento, após as enfermarias) mesmo depois de a cidade aumentar em mais de 50% o número de vagas para pacientes em estado gravíssimo. Além disso, infectados por coronavírus ficam internados por mais tempo, o que atrasada a liberação de leitos.
O risco de uma estabilização na demanda por UTIs em patamares tão altos está, também, nos chamados “leitos bloqueados”: aqueles que precisam ficar parados por um tempo após o uso, para manutenção. Por isso, segundo o médico infectologista Claudio Stadnik, da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, quando um hospital chega a 95% de lotação das UTIs já é preciso recusar pacientes. Até agora, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde, mais de 490 mortes pelo novo coronavírus já foram confirmadas na capital, e mais de 10.500 pessoas foram diagnosticadas com Covid-19. Em paralelo, a circulação de pessoas pelas ruas cresce: na quarta-feira (12), o índice de distanciamento social ficou em 42,5%, quando a meta é de 55%.