O projeto “Memória: 50 anos dos expurgos da UFRGS”, desenvolvido por docentes da Universidade, será lançado nesta quinta-feira (28) no Campus Centro. Coordenado pela professora Claudia Zanatta, do Instituto de Artes, o trabalho inclui o Memorial de Pedra, exposição, debates e a confecção de um livro, através de um projeto de extensão para marcar o cinquentenário das duas fases de expurgos realizados na Universidade após o golpe civil-militar de 1964 – em 1964 e em 1969.
A abertura está marcada para as 14 horas, com a inauguração, no pátio entre a Faculdade de Educação e o Anexo III/PRAE, do Memorial de Pedra – escultura de Irineu Garcia – cercado por um Jardim projetado pelos professores Paulo Brack (Instituto de Biociências) e Sérgio Tomasini (Faculdade de Agronomia). Logo após será realizada abertura, no Centro Cultural, da Exposição de 18 aquarelas de autoria do professor da Faculdade de Arquitetura José Carlos Freitas Lemos, que retratam a história dos expurgos, além de vídeos inédito com depoimentos de professores, fotos e outros documentos.
“Reconstituir esses episódios, ainda que resumidamente, é importante para levar à reflexão sobre o papel da universidade na sociedade e como ela pode ser manipulada para servir a interesses estranhos às finalidades previstas em seu nascimento na sociedade ocidental, como espaço de liberdade de pensamento, confronte respeitável de ideias, estímulo à dúvida e rejeição a certezas absolutas, base da construção de conhecimento com as ferramentas e o rigor do método científico”, pondera a professora Lorena Holzmann, aposentada do departamento de Sociologia, em artigo veiculado pelo Sul21.
“Trata-se de uma ação com valor inimaginável”, acrescenta o professor Lemos, lembrando que nunca houve uma homenagem tão completa aos expurgados da UFRGS. “Estamos vivendo tempos tão difíceis atualmente que é importante marcar esses período vivenciado há 50 anos para jamais esquecermos. É uma forma de fazer política”.
O projeto abrange, ainda, ações educativas dirigidas aos alunos de graduação, jovens e adolescentes das escolas do ensino médio, públicas e privadas, que serão convidados a visitar a Exposição com explicações em linguagem acessível. A programação também inclui Rodas de Conversas sobre temas pertinentes aos expurgos e às injustiças promovidas naqueles tempos sombrios, assim como a confecção de um livro que contará a história desta iniciativa, reproduzirá e discutirá o significado de cada aquarela e do Memorial e um texto sobre o contexto histórico dos expurgos, que será ofertado ao público no início do próximo ano letivo.
“Realizar este projeto em quatro meses foi possível não só porque a motivação que nos impeliu para a frente era enorme, como também porque sempre que pedimos apoio a colegas, técnicos, artistas, estudantes, jornalistas, aos que já saíram da universidade, aos vários órgãos da UFRGS e aos detentores de direitos autorais, todos aceitaram sem titubear”, agradece a professora Cristina Amélia Carvalho (Escola de Administração). “Retiramos a energia e o entusiasmo para levar a cabo o desafio do exemplo dos homens e mulheres homenageados que, há 50 anos, resistiram à injustiça que se abateu sobre eles quando foram expurgados ou expulsos da universidade. No momento que atravessa a universidade pública, cabe recordar e homenagear quem resistiu antes de nós”, complementa.
A mostra permanece aberta ao público até 31 de dezembro. Confira abaixo a programação de abertura
14h – Inauguração do Memorial no pátio do Campus Centro entre a Faculdade de Educação e o anexo III/PRAE
15h – Mesa de Abertura da Exposição – Sala Ipê do Centro Cultural
16h – Abertura da Exposição – Sala Pitangueira do Centro Cultural