InformANDES na UFRGS, nº 04/2015, 14/01/2015.

Bolsas da Capes estão atrasadas há dois meses

Milhares de pesquisadores de todo o país têm enfrentado dificuldades financeiras por conta do atraso das bolsas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O órgão reconheceu os atrasos, que acontecem desde novembro, mas não soube precisar uma possível data para a realização dos pagamentos.

Olgaíses Maués, 2ª vice-presidente da Regional Norte II e uma das coordenadoras do Grupo de Trabalho de Política Educacional (GTPE) do ANDES-SN, critica a falta de planejamento da Capes. A docente, que também não recebeu sua bolsa, afirma que os atrasos demonstram a pouca importância dada pelo governo à educação, em geral, e aos programas de pós-graduação, em específico.

“É uma questão de alocação de recursos, e esses recursos não são eventuais, já estavam previstos”, afirma Olgaíses. A docente lembra ainda que as bolsas de capacitação de professores também estão atrasadas – e que os beneficiários dela são docentes que, na maioria das vezes, abrem mão de suas férias para poder complementar seus salários.

Bruno Marcos, estudante da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), é um dos prejudicados com a situação. Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), ele recebeu a bolsa com atraso em dezembro, e ainda não sabe quando o benefício de janeiro chegará. “Os atrasos estão me prejudicando muito. Agora estou em casa, de férias, mas se eu estivesse na universidade estaria passando fome com o atraso da bolsa”, ressalta o estudante.

Jann Sauka, mestrando da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), é outro que enfrenta problemas com os atrasos, e, inclusive, teve que recorrer a um empréstimo bancário para pagar seu aluguel. “Nem a universidade, nem o MEC, nem a Capes conseguem passar explicações sobre o atraso. Eles parecem achar que não temos contas para pagar. E a bolsa é ainda mais importante para nós porque a Capes exige dedicação exclusiva aos estudos, sem vínculo empregatício, para que possamos receber o benefício”, diz o estudante.

A Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) divulgou na última quinta-feira (8) uma nota em seu site criticando os atrasos. Segundo a entidade o Ministério da Educação (MEC) entrou em contato para justificar os atrasos, mas não deu prazos para a regularização dos pagamentos.

Fonte: ANDES-SN