Para avançar em uma pesquisa promissora para recuperação de contaminados pela Covid-19, o Hospital de Clínicas de Porto Alegre está recrutando voluntários para doação de plasma. O estudo, que já recebeu autorização da Comissão Nacional de Ética e Pesquisa para a parte do tratamento experimental, utiliza o sangue de pacientes curados como combate aos sintomas.
Para a terapia, é necessário fazer uma transfusão do paciente curado para o infectado. A técnica, que já foi utilizada em epidemias de Ebola e Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), tem como princípio a imunização passiva – ou seja, espera-se que os anticorpos produzidos por alguém que já foi infectado, e que estão presentes na parte líquida do sangue, forneçam imunidade a pacientes com sintomas graves.
Os doadores devem atender aos critérios preconizados em legislação para doação de sangue, além de estarem há mais de 14 dias assintomáticos para a doença e apresentarem um exame PCR swab nasal negativo.
Quem está curado da Covid-19 e tem interesse em participar pode entrar em contato pelo e-mail doadordeplasma@hcpa.edu.br
Tratamento pioneiro em Caxias do Sul
No Brasil, a Anvisa autorizou o uso da técnica em pacientes de Covid-19 no início de abril. No Rio Grande do Sul, o hospital Virvi Ramos, em Caxias do Sul, foi o primeiro a usar o método contra o novo coronavírus. No dia 09 de junho, um paciente de 63 anos acordou do coma induzido após a doação de plasma convalescente feita por Fabio Klamt, professor do Departamento de Bioquímica da UFRGS e pesquisador da área de Biomedicina que fora infectado em março.
Embora não seja possível garantir a relação, a equipe médica considera que a transfusão teve influência na recuperação. “Disseram que foi impressionante a melhora respiratória”, comentou o docente em entrevista ao portal Sul 21. “Enquanto não tivermos nenhum fármaco ou vacina, é o que temos”, ponderou.
Na capital, além do Clínicas, o Hospital Moinhos de Vento também está realizando o tratamento, mas com material recebido de São Paulo. Até agora, quatro pacientes lá internados receberam plasma convalescente, sem divulgação de eventuais resultados por sigilo médico.