Grito dos Excluídos e das Excluídas e Fora Bolsonaro reúnem milhares pelo Brasil

O Grito dos Excluídos e das Excluídas, tradicional manifestação popular que toma as ruas do Brasil no 7 de setembro, se uniu neste ano à campanha pelo Fora Bolsonaro. Mais de 300 mil pessoas protestaram em cerca de 200 municípios de dentro e fora do país, conforme estimativa dos organizadores.

Em Porto Alegre, o dia chuvoso fez com que o local das atividades fosse transferido para o viaduto Imperatriz Leopoldina, também conhecido como viaduto do Brooklyn, onde houve ato ecumênico, drivethru para arrecadação de alimentos destinados a famílias carentes e um almoço solidário, partilhado com pessoas em situação de rua.

Cruzes no chão homenagearam as quase 600 mil vidas perdidas na pandemia do novo coronavírus – sendo que muitas poderiam ter sido evitadas se não fosse o negacionismo do governo federal, o atraso e os esquemas de corrupção na compra de vacinas. “Vida em primeiro lugar, assim começa o Hino do Grito dos Excluídos. Terra sem Males, ouvimos de Martin Coplas. Cantar juntos, apesar da chuva, sem ceder às ameaças da direita, nos fortaleceu a todos. O povo Mbya Guarani do Cantagalo e Aponta do Arado, que reclama a demarcação das terras indígenas, também nos emocionou com a sua presença e as suas danças”, comenta Elisabete Búrigo, da Diretoria do ANDES/UFRGS, que esteve presente.

À tarde, parte dos manifestantes partiu em caminhada, mesmo com o mau tempo, rumo ao Largo Zumbi dos Palmares.

Vida em primeiro lugar

Com o lema “Vida em primeiro lugar”, a 27ª edição do Grito aconteceu em meio a retrocessos e movimentos antidemocráticos, protagonizados pelo governo federal e seguidos por governantes estaduais e municipais.

“Somos mais de 20 milhões de brasileiras e brasileiros que não têm o que comer. A situação ainda é pior entre as mulheres, as famílias negras de baixa renda”, pontuou o presidente do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável do Rio Grande do Sul (Consea-RS), Juliano Sá, em reportagem do Brasil de Fato. “No RS somos mais de 1,2 milhão de gaúchas e gaúchos em situação de extrema pobreza, ou seja, que vivem com até R$ 89 por mês. Só vamos superar essa fome, essa pandemia com união”, acrescentou.

Solidariedade

Assim como na capital gaúcha, vários municípios também sediaram ações solidárias neste 7 de setembro. Só na capital paulista, 15 toneladas de alimentos não-perecíveis foram arrecadadas para famílias em situação de vulnerabilidade social. No Rio de Janeiro (RJ), onde mais de 30 mil pessoas se reuniram no protesto, o Movimento dos Pequenos Agricultores distribuiu alimentos agroecológicos como parte do Mutirão Contra Fome, em Niterói.

Em Curitiba, o local escolhido foi a comunidade Nova Esperança, ocupação em área pública abandonada há mais de 12 anos, onde, desde maio de 2020, vivem cerca de 1,2 mil famílias. Já em Recife, em vez de marcha, foi realizado um café da manhã solidário, com atividades artísticas e culturais, no bairro periférico João de Deus.

Agenda de lutas

No dia 16 de setembro, acontece nova assembleia organizada pelo coletivo Povo na Rua contra Bolsonaro para definir o seguimento da agenda de lutas. As inscrições podem ser feitas por aqui.