Derrotar Bolsonaro nas ruas e nas urnas pautou debate de conjuntura no 40º Congresso do ANDES-SN

A necessidade de derrotar o governo Bolsonaro foi unanimidade entre as e os docentes que se manifestaram durante a Plenária do Tema I do 40º Congresso do ANDES-SN, que trata de Conjuntura e Movimento Docente, realizada na tarde de domingo (27). Também houve convergência em torno da necessidade de se construir um calendário de mobilização.

As falas se polarizaram em torno de dois temas: a proposição de apoio a uma candidatura contra Bolsonaro versus a defesa da histórica independência do sindicato frente a partidos e governos; a defesa de eleições para a nova diretoria do ANDES-SN em 2022 versus a construção de um processo eleitoral disparado pelo 41º Congresso do Sindicato.

Apresentação dos Textos de Resolução

O debate foi iniciado com a apresentação de 13 dos 14 Textos de Resolução (TR) que constam no Caderno de Textos do 40º Congresso.

“Estamos num ambiente de guerra que vem se aglutinando nos últimos anos”, pontuou o professor Luiz Henrique Schuch, 1º vice-presidente da AdufPel, em fala sobre o texto 3: “Em defesa da vida, para além do capital”.

O docente criticou a “nova morfologia do trabalho do processo de exploração para o qual estão sendo empurrados os trabalhadores do serviço público”, e frisou que o ano eleitoral não deve ocasionar “confusão ideológica nos movimentos sociais”.

“Mesmo diante de muitas lutas que temos travado, ainda estamos numa posição defensiva”, argumentou o professor Antônio Gonçalves, ex-presidente do Sindicato Nacional, defendendo o texto 4: “Fora Bolsonaro! Revogar as contrarreformas! Reajuste salarial e recomposição orçamentária! Retorno presencial com segurança”.

“É tarefa deste sindicato, também, ajudar no processo de reorganização da classe trabalhadora para não só derrotar Bolsonaro eleitoralmente, como o bolsonarismo que está capitalizado na nossa categoria e dentro das instituições”, completou o docente.

“Temos observado várias falas reconhecendo o golpe, coisa que não acontecia nos Conads e congressos anteriores”, observou Luis Antonio Pasquetti, da ADUnB. “Não há saída com Bolsonaro no poder”, reforçou o professor, durante fala sobre o Texto 14: “Na crise sem precedentes, que lugar o ANDES-SN deve ocupar?”.

Debate quente

O debate esquentou durante as 40 manifestações que se seguiram à apresentação dos Textos de Resolução. Críticas e elogios ao trabalho realizado pela Diretoria do ANDES-SN, propostas de desfiliação ou permanência do ANDES-SN na CSP – Conlutas se cruzaram com os temas da independência e do calendário eleitoral do Sindicato.
Dileno Dustan, docente da Universidade Federal de Juiz de Fora, provocou: “Em qual governo o Andes teve seu registro cassado? E qual governo apoiou a criação de um sindicato paralelo?”, questionando os militantes que propunham apoio à candidatura de Lula contra Bolsonaro e defendendo a autonomia e independência do Sindicato.
“O ANDES ajuda a classe se mantendo independente, e não praticando a conciliação de classe”, insistiu Eblin Farage, docente da Universidade Federal Fluminense (UFF) e ex-presidente do Andes-SN. A permanência da lista tríplice para escolha de reitores foi lembrada como exemplo de limitação das ações de governos.

A participação na CSP-Conlutas foi defendida por Vera Jacob, docente da Universidade Federal do Pará e ex-vice-presidente do Andes-SN, que se referiu à CUT como traidora dos trabalhadores, por ter sido conivente com a Reforma da Previdência de 2003 e com a criação da Funpresp (Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do Poder Executivo), que precariza e privatiza a previdência dos docentes federais.

Cesar Beras, secretário da Regional Rio Grande do Sul, rememorou os desafios enfrentados: “Pandemia mais neoliberalismo mais aumento da fome e da miséria”. “Não capitulamos”, disse, recordando as manifestações contra a PEC 32 em Brasília, a participação nos atos do sete de setembro, o apoio à Marcha dos Povos Indígenas. Contra a antecipação das eleições internas do Sindicato, Beras argumentou que derrotar Bolsonaro deve ser a prioridade do movimento docente em 2022.

Poesia negra

Antes da plenária do Tema I, a plateia acompanhou apresentação de Janove e Natália Pagot, que integram o coletivo Poetas Vivos, iniciativa cultural de artistas negros atuantes em escolas e espaços públicos que tem como arma a poesia e o hiphop no combate ao racismo e as desigualdades. “Bem-vindos ao Campus do Vale, onde você sabe o nome do cachorro, mas de nenhum funcionário”, provocou Janove.

Ato na sexta-feira, 1º de abril

O 40º Congresso do ANDES-SN segue até quinta-feira (31), com debates e deliberações sobre as lutas da categoria no próximo período. Na sexta-feira (01), um grande ato, organizado com várias outras entidades, vai simbolizar o encerramento do encontro. A concentração será às 10h, em frente ao Instituto de Educação Flores da Cunha.

Convidamos todas e todos para se unirem à Seção Sindical e demais entidades e movimentos na defesa das liberdades e do serviço público, participando da caminhada até a Esquina Democrática!