Excesso de chuvas escancara problemas estruturais da UFRGS

O excesso de chuvas registrado nas últimas semanas em Porto Alegre escancarou problemas estruturais sérios em diversos prédios da UFRGS. Alagamentos, infiltrações e desabamentos de forros são exemplos da deterioração das unidades, que vêm sofrendo os impactos dos sucessivos cortes de verbas.

No Laboratório 220 no prédio do Instituto de Letras, parte do forro desabou na terça-feira (26), conforme divulgado pelo Matinal Jornalismo. No mesmo dia, uma sala do terceiro andar do edifício do Instituto de Ciências Básicas da Saúde foi completamente alagada.

“Já tivemos casos de interdição de parte do prédio do Instituto de Psicologia por desabamento do forro. O Instituto de Artes apresenta sérios problemas de infraestrutura. O prédio do Departamento de Artes Dramáticas está fechado. Em 2019, tivemos o desabamento de parte do telhado do Salão Nobre da Faculdade de Direito. E o quadro vem se agravando, particularmente depois do longo tempo sem manutenção no período da pandemia e com o corte de recursos do governo Bolsonaro”, publicou a reportagem, mencionando um professor que preferiu não se identificar.

Os descasos com a segurança de funcionários e terceirizados também influenciam no quadro, como explica o técnico-administrativo Francisco Paulo Gomes, do IA. Segundo ele, entre março e abril o Ministério Público suspendeu o serviço de limpeza de calhas, após acidente registrado no Prédio da Faculdade de Veterinária. “Em função da interdição do serviço, toda a Universidade tem sofrido com problemas de infiltração e alagamentos”, relata.

No caso do IA, um dos mais afetados,  foi instalada, de forma emergencial, uma caixa d´água “para impedir maiores danos”, conta Chico, explicando que uma árvore vizinha tem causado entupimentos recorrentes nas calhas, o que só poderá ser sanado com a retomada do serviço de limpeza.

Ao unidades que abrigam os cursos de Letras, a Faculdade de Agronomia e o prédio da Administração também registraram infiltração de água ao longo do período, complementa o Matinal.

Problemas orçamentários

De 2016 para cá, os gastos da UFRGS que incluem manutenção caíram 28% em valores nominais: de R$ 184 milhões em 2016, foram para R$133 milhões em 2022, aponta a reportagem.  Destes, cerca de, R$281 mil foram gastos em “Obras e instalações”, segundo o portal de Dados da UFRGS.

Já em 2019, nota divulgada pela Reitoria alertava que o contingenciamento representava, inclusive, ameaça ao funcionamento da instituição. “Os investimentos na Universidade estão muito aquém das necessidades de renovação de equipamentos e de obras para acolher a expansão ocorrida no ensino de graduação, além das dificuldades crescentes de manter as condições básicas de funcionamento e manutenção da instituição”, denunciavam, à época, Rui Vicente Oppermann e Jane Tutikian.

Previsão do tempo

Este mês de Setembro já é o mês mais chuvoso em Porto Alegre desde 1916, conforme registros do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Desde quinta-feira (28), o sol voltou a brilhar no céu da capital, trazendo algum alento em meio a um cenário de calamidade que demandou, inclusive, o fechamento das comportas do Guaíba. Conforme sistemas de previsão do tempo, na semana que vem existe chance de chuva forte a partir de sábado, mas sem atingir o volume anterior.