Erradicar o Racismo no Ensino Superior: uma prioridade inadiável

O racismo continua sendo um desafio estrutural que exige ações concretas, especialmente em instituições de ensino como universidades, IFs e Cefets.

A Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, no ano de 2022 decidiu desligar um doutorando de Filosofia indiciado pelo crime de racismo qualificado ocorrido em outubro de 2021. Na época, o então estudante foi desligado por infringir o artigo 10, inciso V, do Código Disciplinar Discente (CDD). O texto estabelece infração disciplinar gravíssima para quem “praticar, induzir ou incitar, por qualquer meio, a discriminação ou preconceito de gênero, raça, cor, etnia, religião, orientação sexual ou procedência”.

O caso de desligamento por racismo foi o primeiro da história da UFRGS, reafirmando o compromisso que o espaço da Universidade e as pessoas que por ela circulam devem ter na luta antirracista. Na época, o crime que ocorreu a partir de mensagens de texto, “discriminou toda a integridade de uma raça”, conforme conclusão da Polícia Civil. O racista, no caso da UFRGS, enviou mensagens à namorada de um estudante negro, em que chegou ao absurdo de questionar sobre futuros filhos do casal e a suposta perda da “carga genética prussiana”.

O ANDES-SN, em julho de 2024 lançou a campanha ‘Sou Docente Antirracista’, com o objetivo de combater e denunciar casos de racismo nas universidades, IFs e Cefets de todo o país, conscientizando a comunidade sobre a necessidade da luta antirracista. O ANDES-SN sempre pautou a luta antirracista, intensificando ações afirmativas e de reparação, visto que compreende que não é possível construir uma universidade que responda às necessidades do povo brasileiro sem esta luta.

No final de março deste ano, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul prendeu o estudante que em 2022 cometeu o crime. Condenado no final de 2024 pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, a uma pena de dois anos de prisão e nove meses em regime aberto.

O ANDES/UFRGS reafirma que os espaços acadêmicos não devem ser vistos como de qualquer supremacia, inclusive de uma cor ou raça, e as universidades, IFs e Cefets devem unificar e intensificar o debate da pauta antirracista não só com as atividades nacionais, mas também no conjunto das seções sindicais.  Situações como aquela do estudante que tentou colar grau com uma suástica pintada no rosto evidenciam a necessidade de levarmos em frente a pauta antirracista em nossa universidade.

O ANDES/UFRGS se compromete a continuar promovendo espaços acadêmicos antirracistas, reafirmando que justiça, mesmo que tardia, é uma necessidade inegociável.