Com o objetivo de mobilizar a comunidade universitária, o ANDES/UFRGS, em conjunto com Assufrgs, APG e DCE, iniciou campanha pela destituição da Reitoria interventora. Desde a semana passada, o perfil de Instagram @ufrgsurgente tem publicado esclarecimentos sobre o tema, e, a partir de agosto, devem ser organizados atos presenciais pelos campi.
O foco da iniciativa é divulgar para estudantes, técnicos e docentes os argumentos compilados em dossiê do grupo Representação Autônoma Docente (RAD) que motivou o Conselho Universitário (Consun) a criar nova Comissão Especial para analisar a conduta autoritária da gestão de Carlos Bulhões e Patrícia Pranke. Diretores de unidades, entidades e conselheiros foram ouvidos em audiências organizadas pela Comissão. O Andes/Ufrgs relatou arbitrariedades e descasos da reitoria interventora. Em agosto, um parecer da Comissão deve ser apresentado para apreciação do colegiado.
“O documento abordará os sucessivos equívocos da Administração Central, que manifestou desde uma série de atitudes negacionistas na pandemia até a desconsideração sistemática em relação ao Consun e Direções de Unidades, afetando a vida operacional, acadêmica e administrativa da universidade”, explica o professor Pedro Costa, signatário do dossiê encaminhado ao Consun.
Em agosto de 2021, o Conselho já havia votado, em decisão inédita na universidade, pela destituição dos gestores, últimos colocados na lista tríplice encaminhada ao Ministério da Educação (MEC) após consulta à comunidade. Contudo, o pedido, que apontava o descumprimento do regimento em função de reformas estruturais implementadas à revelia do órgão máximo deliberativo da instituição, acabou arquivado pelo ministério de Bolsonaro, que comandou mais de 20 nomeações arbitrárias nas IFEs. “Além de termos ainda mais justificativas do que na época da primeira deliberação, hoje temos um governo com uma leitura diferente sobre a autonomia universitária”, esclarece Pedro.
Em defesa da paridade
Ao mesmo tempo em que as entidades se engajam na campanha pelo resgate da autonomia universitária, apoiam a campanha em defesa da paridade na UFRGS, para pressionar a implementação do sistema antes da próxima escolha de reitor. Trata-se de uma demanda histórica defendida pelo ANDES-SN, atualmente em discussão por outra comissão especial do Consun.
“A UFRGS tem uma comunidade de aproximadamente 53 mil pessoas – 3.013 professores, 2.412 técnicos-administrativos e 47.443 estudantes. Os professores, que são os únicos que podem concorrer ao cargo de Reitor e que representam 5,7% da comunidade, ganham, com a implementação da paridade, um peso de 33,3%. Na prática, é isso que a paridade significa: uma equiparação ponderal dos 3 segmentos – cada um com 33,3%”, destaca manifesto divulgado na quarta-feira (19).
O texto lembra que mais de 2/3 das universidades federais já realizam as suas consultas dessa forma, e que todos os Institutos Federais, criados em 2008, têm assegurado o sistema paritário. “O fato é que quase 70% das universidades souberam colocá-la em prática e não houve judicialização, como se apregoa para impedir a paridade. O que precisamos na UFRGS é de vontade política para fazer a mudança”, acrescenta o documento.