Diretores do ANDES/UFRGS participaram, nesta segunda-feira (28), de reunião presencial com o professor Carlos Bulhões, nomeado reitor da UFRGS na mais recente intervenção do presidente Bolsonaro nas universidades federais. O convite foi enviado no sábado (26) pelo chefe de gabinete, professor Paulo Mayorga, que também participou da reunião. Representando o ANDES/UFRGS, compareceram a professora Rúbia Vogt, Presidente da Seção Sindical, os vice-presidentes Guilherme Dornelas e Tiago Martinelli e a secretária Elisabete Búrigo. Durante a reunião, foi mantido o distanciamento e uso de máscaras.
Bulhões foi nomeado arbitrariamente por Jair Bolsonaro, tendo sido o candidato menos votado na consulta à comunidade e no Conselho Universitário (Consun). Dentre as medidas tomadas desde a posse, em 21 de setembro, estão alterações significativas na estrutura organizacional da Universidade, cuja legitimidade está sendo questionada por conselheiros do Consun.
O professor Bulhões relatou que sua preocupação inicial era estabelecer a continuidade das atividades administrativas em um cenário adverso. Declarou que pretende pautar sua gestão pelos eixos que nortearam sua campanha: financiamento, inclusão pedagógica e valorização dos campi e unidades acadêmicas.
A professora Rúbia Vogt lembrou que “o ANDES-SN tem posição já há muito estabelecida e documentada sobre o processo de escolha dos dirigentes das instituições federais de ensino (IFEs), com voto universal ou paritário, sem envio de lista tríplice ao MEC, para que o processo se encerre na própria instituição”.
Guilherme Dornelas relatou que após a nomeação de Bulhões por Bolsonaro, houve Assembleia Docente que deliberou pela resistência à intervenção: “Continuaremos fazendo a resistência à intervenção do governo federal nas universidades, inclusive na UFRGS, assim como seguiremos lutando contra o projeto Future-se”
O professor Bulhões mencionou a Portaria 4.881, de 25 de setembro de 2020, que prorroga a suspensão das atividades presenciais até 31 de outubro. A seguir, relatou problemas enfrentados por discentes de pós-graduação que estão com pesquisas inviabilizadas em razão da suspensão das atividades presenciais. Para ele, seria importante garantir uma equipe mínima nesses laboratórios, para garantir a continuidade de algumas pesquisas.
O professor Tiago Martinelli enfatizou que, para o ANDES/UFRGS, a prioridade é a defesa da vida, que a universidade deve manter a política de restringir as atividades presenciais ao estritamente necessário, e que o Conselho das Comissões de Saúde no Ambiente de Trabalho (Conssat) elaborou protocolos que precisam ser observados.
Os representantes do ANDES/UFRGS também relataram que a entidade está engajada na luta contra a Reforma Administrativa do governo Bolsonaro e apontaram, ainda, que há uma série de demandas das e dos docentes que aguardam resposta da Administração Central; pautas relacionadas à excepcionalidade do momento e a adequações necessárias para a preservação de direitos docentes, que foram enviadas à Reitoria em maio e permanecem sem resposta.
A Seção Sindical reitera seu repúdio à intervenção do governo federal na UFRGS, assim como reitera a necessidade de prorrogar a suspensão das atividades presenciais, mesmo de atividades administrativas.