Em nota, Diretoria do ANDES-SN exige lockdown imediato

 

Ao completar um ano desde o primeiro caso de Covid-19 no país, o Brasil tem registrado as maiores médias móveis de óbito e casos de toda a pandemia. Neste contexto, e com a perspectiva de piora em função das aglomerações de carnaval e da lentidão na campanha de imunização, a Diretoria do ANDES-SN emitiu, no sábado (27), nota em defesa de lockdown nacional imediato, vacinação em massa, Auxílio Emergencial e manutenção dos empregos.

“Desde o início de 2021, a situação da pandemia no país só piora, em contraste com os resultados efetivos que estão sendo atingidos na maior parte do mundo”, lamenta o Sindicato Nacional, pontuando que o Brasil concentra hoje 13,5% dos casos e 12,5% dos óbitos mundiais.

“Sabemos, ademais, que a pandemia atinge de forma desigual a população, afetando mais intensamente as parcelas periféricas, majoritariamente o(a)s negro(a)s e pardo(a)s.  Simultaneamente,  muito(a)s do(a)s que propagam discursos negacionistas são aquele(a)s menos exposto(a)s aos riscos e que contam com mais recursos”, diz a nota.

Negacionismo genocida

Para o Sindicato Nacional, a situação trágica não é fruto do acaso, “mas resultado lógico de um conjunto de políticas negacionistas, de opções deliberadas do governo Bolsonaro, que estimula a contaminação, utilizando-se dos mais diversos recursos: disseminação de inverdades, restrição dos testes, minimização dos riscos, propagação de medicamentos comprovadamente ineficazes, comemoração dos “recuperado(a)s” e omissão das sequelas, desestímulo ao uso de máscaras, sabotagem das medidas de contenção, estímulo a aglomerações, e muitos outros absurdos”.

Nitidamente genocida, essa conduta – que focava na “imunidade coletiva” amparada em discursos de “proteção à economia” –, em vez de efetivamente proteger a maior parte da população, acabou contribuindo para o surgimento de mutações potencialmente mais transmissíveis e mais letais, como é o caso da variante P1. “A continuidade desta política é uma ameaça à vida do(a)s brasileiro(a)s e também uma ameaça planetária, já que coloca em risco todo o esforço mundial de imunização”, alerta a Diretoria do ANDES-SN.

Vacinação para todos

A superação da pandemia só é possível por meio da imunização coletiva. “No entanto, as desastrosas opções políticas do Ministério da Saúde tornam este objetivo cada vez mais distante”, observa a nota, enfatizando a urgência de se firmar novos contratos de compra de doses e de quebrar patentes das vacinas, assim como acelerar o processo de vacinação. “No ritmo atual, levaríamos dois anos para vacinar apenas os grupos emergenciais estabelecidos no Plano Nacional de Vacinação (77.219.259). A imunização só é efetiva se o ritmo de vacinação for mais rápido do que a contaminação! Do contrário, o mais provável é que surjam novas variantes que inclusive podem tornar as vacinas existentes ineficazes”, previne o ANDES-SN.

Colapso exige medidas efetivas

“Estamos à beira do colapso generalizado da saúde, com 15 estados com mais de 90% de ocupação hospitalar. Não é possível esperar um dia a mais, é necessário estabelecer imediatamente um rigoroso lockdown nacionalmente coordenado”, conclama a entidade docente, exigindo rigorosas medidas para redução da circulação em todo o território nacional por tempo suficiente para produzir uma radical diminuição do número de casos ativos. “Para que tais medidas sejam viáveis e efetivas, é indispensável que sejam acompanhadas pela prorrogação da Renda Emergencial e sem a redução dos valores, de forma a garantir a sobrevivência com dignidade de todo(a)s o(a)s brasileiro(a)s”, acrescenta.

Ainda segundo a nota, o retorno às aulas presenciais sem a prévia vacinação é um completo absurdo. “Em poucos dias, são nítidos os efeitos desastrosos da reabertura de uma parte das escolas, ainda que tenham ocorrido especialmente em escolas privadas, supostamente mais preparadas para ‘seguir os protocolos’. Não apenas registram-se inúmeros óbitos de professore(a)s, mas mais do que isto, a reabertura das escolas atinge estudantes e familiares, e por isto é imprescindível interromper a transmissão comunitária antes”, orienta o Sindicato Nacional. “Nenhum país do mundo teve êxito no combate à pandemia sem uma política nacionalmente coordenada. Não é possível seguir tolerando um governo negacionista, que banaliza a morte.”