Em meio à pressão de prefeitos e governadores para que o Planalto recalcule o reajuste do piso nacional do magistério, definido em 12,84%, a presidente do Cpers, Helenir Aguiar Schürer, assegura que a categoria estará unida para barrar a diminuição do percentual. Em greve desde 18 de novembro, educadoras e educadores gaúchos lutam para derrubar o pacote do governo estadual que propõe a retirada de diversos direitos na carreira, encaminhado à Assembleia Legislativa em novembro e revisado em dezembro.
Com o percentual divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) na sexta-feira (27), o salário inicial da categoria passaria de R$ 2.557,74 para R$ 2.886,15. “Essa é uma luta nacional. É um cálculo baseado em lei. Se mexerem no valor, provavelmente nossa confederação (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE) entrará com alguma medida judicial para que a lei seja respeitada”, afirmou a sindicalista em entrevista à Zero Hora. “Essa tentativa de reduzir o percentual só representa que, tanto no Estado do Rio Grande do Sul quanto nacionalmente, a valorização da educação está por baixo”, avalia Helenir.
Conforme deliberação em assembleia com mais de 2 mil participantes, os professores e professoras gaúchos seguirão em greve até que o governo Leite garanta o pagamento dos dias parados. “Não é hora de recuar. O que garante nossa capacidade de negociação é justamente a manutenção da categoria na posição de greve”, previne nota do sindicato estadual, destacando que todas as medidas judiciais cabíveis para suspender o corte de ponto já foram tomadas: “A Assessoria Jurídica do Cpers ingressou com recurso no TJ para garantir o direito ao salário. O tribunal está em recesso até o dia 21 de janeiro e não podemos contar com um desfecho rápido do julgamento do Pleno”.
Em defesa da Educação
Nesta quinta-feira (02), novo ato em defesa da educação foi realizado em Porto Alegre, na Esquina Democrática, com pedágio solidário e conversas com a comunidade para esclarecer os motivos da paralisação e buscar apoio ao movimento. Desde o início da greve, diversas manifestações têm sido promovidas no estado, reunindo multidões.
O ANDES/UFRGS, que tem participado dos atos, manifestou publicamente apoio aos grevistas em nota divulgada no primeiro dia do movimento. “As(os) docentes estaduais trabalham sob as mais adversas situações, mesmo tendo seu salário parcelado há 47 meses. Agora, na véspera do final do ano letivo, o Governador Eduardo Leite apresenta um pacote que retira direitos da carreira docente. Ainda, na proposta do Governo, são as(os) professoras(es) as(os) mais prejudicadas(os). Não é justo nem necessário que as(os) docentes paguem as contas das sonegações e incentivos fiscais”, destacou a Seção do ANDES-SN na UFRGS.
Outras seções também declararam apoio irrestrito ao movimento. “Além de manter e agravar a perversidade do parcelamento salarial, que tem levado docentes à depressão e por vezes até mesmo ao suicídio, o governador Eduardo Leite agora apresenta um novo pacote de maldades que amplia a precarização da Educação Básica no Estado”, acrescentou a Adufpel, convocando a categoria a se unir nas mobilizações: “Se o futuro é a educação, a luta é no agora!”
A Aprofurg, que destacou ser justo e necessário o movimento dos professores estaduais, criticou, ainda, a postura de criminalização de sindicatos e movimentos sociais por parte do governo. “A luta de trabalhadoras e trabalhadores por educação e justiça social deve ser valorizada e ser exemplo à toda a população”, enfatizou.
Caso o governador Eduardo Leite convoque sessão extraordinária da Assembleia Legislativa para votar o pacote em janeiro, o Cpers realizará nova Assembleia Geral.