Os dois anos de resistência à intervenção na UFRGS foram marcados em ato simbólico na última sexta-feira (23), no Campus Central. Com a presença do ANDES/UFRGS e de diversas entidades da comunidade universitária, estudantes, docentes e servidoras(es) reforçaram a luta em defesa da paridade, das ações afirmativas e contra o governo Bolsonaro, representado pela Reitoria interventora de Carlos Bulhões e Patrícia Pranke.
“Fora Bulhões, fora Patrícia, eu não aceito a Reitoria da milícia”, cantaram os manifestantes, reunidos em frente ao Monumento dos Expurgados, local simbólico de defesa da democracia. “Temos todos que pensar no significado de estarmos aqui, diante do que representa e representaram os expurgados, que lutaram duramente pela democracia. Porque a democracia nesse país não é nem nunca foi para todos. “Que possamos mudar o rumo da história política desse país. É momento decisivo para isso”, destacou a professora Magali Mendes, presidente da Seção Sindical.
“Essa democracia tem que ser vivida na sua radicalidade. Portanto, falar de paridade é falar de um outro modo de exercer a nossa palavra, as nossas decisões, a nossa definitiva importância dentro da universidade. Não podemos nos calar diante da violência que uma intervenção nos coloca”, acrescentou. “70-15-15 não é democracia. Queremos paridade pra mudar a Reitoria!”, concordaram os participantes da mobilização, em coro.
Herança da ditadura
As nomeações arbitrárias de Bolsonaro se amparam no Decreto Federal nº 1.916, de 23/05/1996, e nas leis 5.540/68 e 9.192/95 que, conforme deliberado no 40º Congresso do ANDES-SN, realizado em março deste ano em Porto Alegre, precisam ser revogadas em respeito à autonomia universitária.
“Estamos enfrentando uma lei criada nos governos militares, inclusive lidamos com a herança da ditadura de diversas formas, como a política neoliberal”, criticou Kenji, da APG-UFRGS.
“Essa ação foi desde o início antidemocrática, e continua tendo respaldo antidemocrático dentro da nossa universidade, onde os interventores não respeitam nenhuma deliberação tomada democraticamente, passam por cima do Conselho Universitário”, pontuou a aluna Clara, do DCE, enfatizando a importância da articulação entre todas as instâncias da comunidade nesse movimento de resistência.
“Impossível falar de uma intervenção dentro da universidade sem colocar o que o governo Bolsonaro vem fazendo com a universidade e a população, porque seguem as mesmas políticas de antidemocracia, violência e ataque. Temos um Reitor que não fala sobre os impactos dos cortes orçamentários no dia a dia, assinando embaixo das políticas do governo Bolsonaro, e é muito importante a mobilização da comunidade para dizer que não vamos aceitar mais”, declarou Thamyres Silveira, coordenadora licenciada da Assufrgs, ponderando a necessidade de um posicionamento nessas eleições “para acabar com esse projeto de desfalque da universidade”.
“O movimento estudantil não pode achar que vai vir de mão beijada o investimento no orçamento, que praticamente não existe. Precisamos estar defendendo que a universidade seja para todos”, finaliza Kenji.