Docentes da UFRGS criticam o ERE em Roda de Conversa

Os problemas provocados pelo Ensino Remoto Emergencial (ERE) foram assunto de mais uma edição da Roda de Conversa virtual promovida pelo ANDES/UFRGS na quinta-feira (5). Integrantes da assessoria jurídica da Seção também estiveram presentes, esclarecendo dúvidas.

As e os docentes mencionaram a falta de um mecanismo formal de avaliação do processo, que deveria ser oferecido pela Comissão-ERE, bem como a falta de um debate institucional sobre o assunto, o qual tem mobilizado recursos materiais e intelectuais de toda a comunidade universitária.

Os participantes levantaram temas como dificuldades das novas rotinas, a relação com a Reitoria, a evasão e os danos pedagógicos do formato regulamentado pela UFRGS na Resolução 25 de 2020 do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) após uma tramitação conturbada. O peso financeiro das aulas remotas também foi mencionado pelos docentes. “A Universidade está com custo operacional reduzido, enquanto em casa temos investido para sustentar o que tem sido exigido. Essa conta tem que ser apresentada”, pontuou Paulo Abdala, da Escola de Administração, defendendo que seja criado um  projeto político e objetivo para exigir mais condições de trabalho. “Não sabemos até quando vamos ficar assim”, acrescentou.

Outro ponto discutido foi a desorganização do formato. Há muitas reclamações de alunos, que às vezes têm que navegar por quatro plataformas sem qualquer suporte da Administração Central.

A falta de participação direta dos alunos foi citada pelas e pelos professores, o que, muitas vezes, acontece porque estudantes não têm internet rápida, microfone de qualidade, não têm ambiente em que possam abrir microfone para participar da aula.

As alterações na atribuição do conceito NI, prevista pela Resolução 25 de 2020, também foram lembradas. Alguns presentes apontaram que a “enxurrada do conceito NI”, autorizado pela Resolução que regulamenta o ERE na UFRGS, “vai causando um problema gigantesco, até psicológico”.

Orientações

As atividades remotas na UFRGS começaram em 19 de agosto, menos de 20 dias depois da implementação do sistema emergencial. O processo exigiu esforço por parte das e dos docentes para ajustar os conteúdos às plataformas virtuais, aprender a manipular softwares e rever rotinas em meio ao confinamento e à falta de estrutura.

O advogado Guilherme Monteiro, da Assessoria Jurídica do ANDES/UFRGS, antecipou que nem todos os custos dos docentes deverão ser cobertos pela Reitoria, apesar de o local de trabalho ter sido transferido para as residências. No entanto, a Seção Sindical orienta que aqueles que conseguirem comprovar esse tipo de custos elaborem um dossiê e façam um requerimento administrativo solicitando indenizações.

O ANDES/UFRGS também está organizando cobranças administrativas à Reitoria, buscando respostas sobre o que está sendo planejando em relação a esses custos. Além disso, apresentou, nesta segunda-feira (9), uma carta ao Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) destacando a falta de avaliação do semestre vigente antes do planejamento do próximo período letivo em formato remoto.