Foto: Cpers
Por decisão de assembleia geral, os docentes da UFPel e do IFSul CaVG paralisaram as atividades na terça-feira (03) em defesa da educação pública e em solidariedade às trabalhadoras e aos trabalhadores do estado do Rio Grande do Sul. Eles se juntaram ao ato unificado de servidores públicos estaduais contra o pacote enviado pelo governador Eduardo Leite à Assembleia Legislativa, realizado no mesmo dia.
Cerca de 10 mil pessoas participaram da mobilização, que terminou com um abraço à Escola Estadual Ondina Cunha, ameaçada de fechamento. “Na Assembleia, os docentes se mostraram dispostos a agir. O pacote do Eduardo Leite é igual ao do Bolsonaro. É redução de salário, é desmonte da carreira, é desfinanciamento da educação, é a perda do direito à educação para a população. Portanto, ninguém teve dúvida. É preciso paralisar para mostrar que não aceitamos o desmonte da educação pública em nenhum nível”, ressalta a diretora da ADUFPel-SSind, professora Angela Moreira Vitória.
Estado de greve
Na Ufpel, a categoria já havia aprovado, também em assembleia geral, estado de greve a partir do começo de 2020. “Significa dizer ao governo que a categoria tem disposição para continuar defendendo com toda força aquilo que mais caro é para nós, que é a educação pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada, além da defesa dos direitos dos trabalhadores dos serviços públicos em geral e, em particular, das instituições federais de ensino do país”, enfatizou Angela.
Os professores e as professoras do IFRS também aprovaram por ampla maioria a indicação de estado de greve proposta pelo ANDES-SN nos sete campi da Mesorregião Metropolitana de Porto Alegre: Alvorada, Canoas, Osório, Porto Alegre, Restinga, Rolante e Viamão.
Na UFRGS, os docentes definiram, em assembleia geral, indicativo de estado de alerta em resposta aos diversos ataques que vêm sendo praticados pelo governo federal contra a educação, os serviços públicos e os servidores. A proposta prevê que, mesmo no período das férias, estejam mobilizados para entrar em estado de greve. Todas as definições foram levadas à reunião do setor das instituições federais de ensino do ANDES-SN, realizada nesta quarta-feira (04), em Brasília.
Maior greve das últimas décadas
A educação pública estadual realiza uma das maiores greves das últimas décadas no Rio Grande do Sul. Deflagrada em 18 de novembro, atinge mais de 1,5 mil escolas, das quais 767 seguem totalmente paralisadas, conforme apuração do Cpers.
O movimento é uma resposta aos ataques do governo estadual, que vem tentando impor aos servidores gaúchos o mesmo programa que Bolsonaro e Guedes implementam no governo federal: destruição total do funcionalismo, privatização da educação, saque da previdência e aparelhamento do Estado. Fim do plano de carreira, extinção de reajustes por tempo indeterminado e aumento de contribuição e do tempo para aposentadoria estão entre as propostas.
“Estamos fazendo história. Eduardo Leite subestimou a nossa força, mas somos do tamanho do Rio Grande. Somos dezenas de milhares e representamos milhões de gaúchos. Somos o presente e também o futuro do estado. Tenho certeza de que esta greve será vitoriosa”, afirmou a presidente do Cpers, Helenir Aguiar Schürer.
Da área da saúde à fiscalização agropecuária, oito categorias também aderiram à greve: Sindicato dos Servidores de Nível Superior do Poder Executivo do Estado do Rio Grande do Sul (Sintergs), Sindicato dos Servidores Públicos do Rio Grande do Sul (Sindsepe), Associação dos Fiscais Agropecuários do Rio Grande do Sul (Afagro), Associação dos Servidores de Ciências Agrárias (Assagra), Associação Gaúcha Pró-Escolas Famílias Agrícolas (Agefa), Sindicato dos Servidores Caixa Economica Estadual (Sindicaixa), Secretaria de Obras, Públicas, Irrigação e Desenvolvimento (Seasop) e Associação dos Analistas de Planejamento, Orçamento e Gestão (Apog).
Além disso, moções de apoio foram aprovadas em 290 Câmaras Municipais, e até a Famurs (Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul) se manifestou favorável ao movimento, em documento lido para a multidão durante o ato histórico de 26 de novembro.
Na próxima terça-feira (10), será realizada Assembleia Unificada na Praça da Matriz (Centro de Porto Alegre), às 9h30. Em São Paulo e no Paraná, professores e servidores também estão em greve.