A cidade de Porto Alegre, o Estado do Rio Grande do Sul, o Brasil e o mundo inteiro, todos sofrem, vivem e sobrevivem à Pandemia de COVID-19. Ainda não há cura, nem vacina, tampouco é possível prever as consequências do Coronavírus (SARS-CoV-2) em cada ser humano, em cada vida.
Esse vírus tem escala de tamanho nanométrica (bilionésima parte do metro), é tão pequeno que nossos olhos não conseguem vê-lo no ambiente, o que significa que ele pode estar no ar que preenche a sala de aula de um ambiente escolar, nas mesas e cadeiras ou sobre os corrimões das escadas e ninguém perceba. Trata-se de um vírus que até agora já vitimou quase 150 mil pessoas só em nosso país e mais de 1 milhão de pessoas em todo o mundo.
O fato é que mesmo com esse contexto adverso, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul convocou os servidores e professores para retorno às atividades presenciais no Ensino Médio e Técnico a partir de 5 de outubro. No entanto, antes da Pandemia de COVID-19 os recursos humanos, materiais e financeiros da Educação Pública Estadual já eram insuficientes, agora não sustentam a abertura das escolas com as condições de trabalho adequadas, sejam educacionais e/ou sanitárias.
Também no dia 5 de outubro, a Prefeitura Municipal da cidade de Porto Alegre autoriza o retorno da Educação Infantil, justamente o grupo mais frágil, sem a maturidade para cumprir medidas de proteção individual, como o uso de máscaras. Nesse contexto de pandemia, as crianças da Educação Infantil, mesmo em sala de aula presencial, terão prejuízos no aspecto da interação social, em função da necessidade de adoção de medidas de distanciamento no ambiente escolar, aspecto que reforça a tese de não reabertura de tais escolas em face aos riscos de contágio e, consequentemente, aumento no número de vítimas.
Assim, frente aos tensionamentos de diferentes segmentos da sociedade em favor da reabertura das escolas, por motivações econômicas, o principal valor a ser considerado na decisão é o da proteção da vida. Importa a vida dos trabalhadores e trabalhadoras da educação, assim como das crianças e dos jovens, de seus amigos e familiares. Importa a vida humana.
Que abram as escolas, mas não em 5 de outubro. Que elas voltem a atender presencialmente no futuro, quando as condições de trabalho e segurança sanitária efetivamente melhorarem, quando o risco de contágio diminuir e estiver totalmente controlado, quando os protocolos estiverem construídos, quando todos e todas forem testados no reinício, quando todos os equipamentos de proteção individual, os recursos humanos e materiais estiverem disponíveis às escolas, enfim, quando chegar um comprometido projeto educacional em favor da proteção das pessoas e suas vidas.
Porto Alegre, 2 de outubro de 2020
Diretoria da Seção Sindical do ANDES-SN na UFRGS