O Museu Nacional, ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ganhou em dezembro um terreno de 44 mil metros quadrados que pertencia ao Ministério da Economia para abrigar novas instalações da instituição, atingida por um incêndio em setembro de 2018. O espaço será destinado à construção de salas de aulas e laboratórios, além da sede administrativa.
O contrato firmado com a União tem duração de quatro anos e concede provisoriamente terreno que está em área contígua à antiga sede do Museu. Durante esse prazo, caberá à UFRJ a administração, a guarda e a conservação da área cedida.
“A cessão do terreno permite que uma demanda antiga do Museu Nacional seja agora atendida: a atividade de ensino e pesquisa em ambiente fora do Palácio de São Cristóvão”, lembrou a reitora da UFRJ, professora Denise Carvalho, durante assinatura do contrato.
A doação foi intermediada pela Superintendência de Coordenação e Governança do Patrimônio da União e pela Pró-Reitoria de Gestão e Governança (PR-6) da Universidade.
Vale destacar que a questão fundiária na UFRJ é um problema bastante complexo, que envolve a cessão de terrenos à iniciativa privada via projeto Viva UFRJ. A Adufrj, seção sindical do ANDES-SN, vem debatendo a questão. O tema também é objeto do Texto 78, assinado por filiados à Adufrj, constante do Anexo ao Caderno de textos do 39º Congresso do ANDES-SN.
Patrimônio queimado
No dia 2 de setembro de 2018, um problema nos aparelhos de ar condicionado gerou o incêndio que consumiu o prédio onde funcionava o Museu Nacional, responsável por um dos acervos mais importantes do país, com cerca de 20 milhões de peças.
A destruição foi apontada por diversas instâncias acadêmicas como resultado da precariedade e da falta de verbas denunciadas há anos por curadores, pesquisadores e demais interessados no patrimônio arquivado.
A tragédia provocou a convocação de diversos atos em defesa da educação pública no Brasil e pela revogação da Emenda Constitucional 95, que limita drasticamente os recursos dessas instituições de ensino por 20 anos.
O professor Roberto Leher, então Reitor da UFRJ, denunciou à época as intenções privatizantes envolvidas no sucateamento do museu e da universidade: “No Brasil, um pequeno círculo de poder, parte dele localizado no topo da pirâmide financeira, ao contrário, celebrou intimamente o acontecimento, pois viu no drama uma oportunidade de converter os museus científicos ao controle da indústria do entretenimento capaz de auferir lucros”.
Segundo a vice-coordenadora do Núcleo de Resgate da instituição, Luciana Carvalho, do total de 37 coleções científicas que o museu tinha, 46% (17) foram quase totalmente perdidas ou parcialmente afetadas; 35% (13) foram ou estão sendo resgatadas e 19% (7) não foram atingidas. A meta da administração é reabrir uma parte do palácio com exposições durante o bicentenário da Independência do Brasil, em 2022.