Em meio à crise provocada pela pandemia do novo Coronavírus e o consequente isolamento social imposto para evitar sua disseminação, diversas populações que já estavam em situação de vulnerabilidade social passaram a enfrentar ameaças ainda mais severa à reprodução de suas vidas. Além delas, o congelamento do teto de gastos, decorrente da EC 95, os cortes de verbas para a pesquisa e a educação, bem como a suspensão e cancelamento de bolsas de pesquisa levaram centros de pesquisa a precisarem contar com o apoio da comunidade para o desenvolvimento de ações para o combate à pandemia.
Grupos estão organizados para ajudar, principalmente, trabalhadores informais, populações em áreas de risco e moradores de rua. O Comitê Popular em Defesa do Povo contra o Coronavírus, por exemplo, lançou a campanha Quem tem fome, tem pressa, que busca construir ações concretas e unificadas para combater a doença. O grupo funciona como um grande guarda-chuva de divulgação, abrindo espaço para troca de informações sobre atividades para angariar doações e também informar a respeito de temas como o auxílio financeiro para informais.
A União das Vilas da Grande Cruzeiro, por sua vez, alerta para os problemas que a chegada da doença às periferias pode impor, e aproveita para arrecadar itens de higiene e limpeza para os moradores, além de alimentos. Também é possível fazer doações em dinheiro. Já o Movimento de Mulheres Olga Benário organizou uma vaquinha virtual para comprar cestas básicas e entregar a diaristas e mulheres e que tiveram suas rendas suspensas em função da quarentena. Outra boa ação é adquirir alimentos orgânicos de famílias de assentados, que vendiam em feiras que foram canceladas em função da pandemia. Confira a lista de produtos aqui.
População de rua
Uma das populações mais vulneráveis aos efeitos do Coronavírus, os moradores de rua são alvo de diversas campanhas, especialmente na capital, onde são muitas as pessoas vivendo nesta situação. O Movimento População de Rua RS está arrecadando verbas para montar kits com alimentos e itens de higiene e limpeza, que serão entregues também a indígenas e quilombolas. A ação, chamada Pop Rua POA, está recebendo donativos em três pontos da cidade (confira abaixo).
A ONG Cozinheiros do Bem, que firma parcerias com restaurantes da capital para a entrega de refeições à população de rua, adquiriu 10 pias para instalação nas vias da cidade, de forma a oferecer opções de higiene aos moradores. Em uma transmissão ao vivo no Facebook no último sábado (4), o coordenador da iniciativa, Julio Ritta, informou que a Prefeitura de Porto Alegre se recusou a apoiar a instalação, forçando a ação a ser feita de forma independente.
UFRGS pede doações para testes rápidos
Não é apenas a sociedade civil que está organizada. Na UFRGS, foi criada a Rede de Solidariedade com e pela comunidade contra o coronavírus. A Rede, formada por professores, estudantes e lideranças comunitárias, faz chegar às comunidades carentes, como da Grande Cruzeiro e do Morro Santana, donativos compostos por kits de higiene e limpeza e cestas básicas.
O Instituto de Ciências Básicas da Saúde (ICBS) da UFRGS também lançou uma campanha para arrecadar recursos financeiros, de forma a poder adquirir insumos e equipamentos para a produção de testes rápidos para Covid-19. O valor total dos equipamentos e insumos necessários para atender à demanda do Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul (LACEN/RS) é de cerca de R$ 85 mil. Também estão sendo solicitadas doações de equipamentos de proteção individual (EPIs) e alimentação para as equipes que estão trabalhando voluntariamente.
A conta para receber as doações é da Fundação de Apoio à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Faurgs) no Banco do Brasil (Banco 001), agência 3798-2, conta número 323.561-0 (CNPJ 74.704.008/0001-75). Doadores que são correntistas do Banco do Brasil devem selecionar a opção “depósito identificado”, no menu de transferências, e colocar o próprio CPF no campo “identificador”.