Consun repudia desligamento da Andifes anunciado por Bulhões e outros reitores interventores

Em sessão realizada na sexta-feira (30), o Conselho Universitário da UFRGS (Consun) aprovou moção em defesa da permanência da UFRGS na Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior – Andifes. O desligamento da Universidade foi encaminhado pelo Reitor interventor, Carlos Bulhões. O pedido de desfiliação da Andifes foi assinado por ele e por outros quatro reitores interventores, alegando que a entidade é hostil ao governo federal.

A moção foi aprovada no Consun com 52 votos favoráveis, apenas 01 abstenção e nenhum voto contrário. Sem qualquer diálogo com a comunidade acadêmica, Bulhões citou, perante os conselheiros e conselheiras, questões financeiras como sua justificativa à saída.

“A Diretoria do ANDES/UFRGS é contrária à saída da UFRGS da Andifes. Antes de mais nada, não se trata de uma representação pessoal, a qual o Reitor interventor pode recusar em nome próprio. Estamos falando da presença da Universidade, de uma representação institucional, da qual a UFRGS só poderia se retirar após amplo debate com a comunidade acadêmica e aprovação nas instâncias competentes. Ainda, causa estranhamento a justificativa financeira alegada no último Consun, tanto por destoar do teor da carta de desfiliação assinada pelo Professor Bulhões, quanto das declarações de membros da Reitoria, que afirmam que as finanças da UFRGS vão bem, apesar de não darem transparência a esses números”, pondera Rúbia Vogt, presidenta do ANDES/UFRGS.

Além de Bulhões, retiraram-se da Associação: José Cândido Lustosa Bittencourt de Albuquerque, da UFC (Universidade Federal do Ceará), Ludimilla Carvalho Serafim de Oliveira, da Ufersa (Universidade Federal Rural do Semi-Árido), Edson da Costa Bortoni, da Unifei (Universidade Federal de Itajubá) e Janir Alves Soares, da UFVJM (Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri).

Em carta, interventores lamentam “hostilidade”

A Andifes representa hoje 68 universidades federais, dois Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFETs) e dois Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFETs). Em carta ao presidente da entidade, Edward Madureira, os dirigentes universitários empossados arbitrariamente alegam não terem se sentido acolhidos.

“Os requerentes, desde que assumiram as elevadas funções de reitores das suas respectivas Universidades, procuraram uma aproximação com a Andifes, não só como forma de fortalecer a entidade representativa dos reitores das Universidades Federais, mas, também, com o objetivo de conhecer os colegas e com eles estabelecer um diálogo construtivo e de troca de informações. As tentativas, registre-se com pesar, jamais foram frutíferas, já que nunca nos sentimos aceitos e acolhidos, quer pelo fato de que não fomos os ‘primeiros da lista tríplice’, como também por não nos portarmos, publicamente, hostis ao atual Governo Federal”, argumentam em sua carta.

Desde a sua posse, Bolsonaro já nomeou 19 reitores de universidades federais que não foram os mais votados nas eleições internas das instituições, afrontando a autonomia das universidades.

Estudantes impedidos de protestar

Na mesma sexta-feira (30), representantes discentes do Consun e outros estudantes realizaram uma manifestação no centro de Porto Alegre para denunciar a intervenção de Bolsonaro na UFRGS e defender a paridade e a democracia na universidade (foto). O ato foi interrompido pela Polícia Militar, sem diálogo, com exigência de retirada da faixa e anotação de nome e documento de um dos manifestantes. O ANDES/UFRGS se solidariza com o movimento estudantil e reforça sua defesa do direito de protestar.