Na tarde deste sábado, 7 de agosto, encerrou-se o XXII Encontro da Regional RS do ANDES-SN. A última plenária, que buscou reunir as seis seções sindicais gaúchas, contou com mediação de César Beras e Sueli Goulart, da secretaria da Regional, para, em suas próprias palavras “pegar o boi na unha” e articular as próximas mobilizações a partir do plano de lutas estabelecido.
O presidente do SindoIF, André Martins reforçou a necessidade de unificar ainda mais as lutas da categoria. No entanto, admitiu chegar ao encontro mais otimista frente os últimos acontecimentos. “Temos conseguido reunir 11 centrais sindicais junto aos grandes sindicatos nacionais, confederações e federações e tirar daí um calendário de lutas unitário”. Em sua avaliação, “precisamos nos desafiar para chegar em outras instituições, estado afora, para enfrentar esse momento que vivemos, retirar do poder este governo fascista e reorganizar a classe trabalhadora”.
Nesse contexto, a proximidade da greve no dia 18 de agosto fomenta as articulações. A adesão das Seções Sindicais ainda será discutida em assembleias ao longo da semana, mas mais do que a adesão é preciso discutir as formas de comunicar a mensagem da greve. Marcia Umpierre, presidenta da APROFURG, segue nessa reflexão. “Nós vamos à rua para tirar Bolsonaro, e isso é importante. No entanto, Bolsonaro caindo ou não, a PEC da contrarreforma administrativa continua”. A professora avalia que é preciso dar a devida atenção para os perigos da PEC 32 e dos diversos atentados aos direitos estabelecidos.
Regiana Wille, presidenta da ADUFPel, refletiu sobre a precariedade do trabalho docente e como os debates relacionados a este “passar a boiada na educação” têm sido negligenciados. Ao recuperar os resultados inócuos dos primeiros diálogos de sua gestão com a reitoria da UFPel, ela propõe: “Precisamos que o dia 18 seja um marco histórico, reunindo trabalhadores e trabalhadoras das três esferas. Avante, porque só a luta muda a vida”.
Entre os grandes desafios para a organização docente está a interação com as bases em tempos de pandemia. Rafael da Costa Campos, presidente da SESUNIPAMPA, expôs essa dificuldade uma vez que sua universidade é multicampi – desagregando docentes, dificultando o encontro de espaços de interlocução, algo ainda mais agravado com o ensino remoto. “Temos uma reitoria que não dialoga, e que é signatária ao governo, mesmo que silenciosamente. A pressão pelo retorno presencial opera de várias formas”, lamenta.
A ideia de integração com outros grupos que compõem as lutas sociais permeou a fala de Tiago Martinelli, 2º vice-presidente da ANDES/UFRGS. Ele iniciou relembrando o assassinato brutal de Daiane Sales, menina Kaingang de 14 anos de idade noticiado nos últimos dias. Estar alinhado e construir lutas conjuntas com povos originários, movimento negro e LGBTQIA+ é um imperativo para os tempos que vivemos.
Encaminhamentos
Após o debate e as deliberações, fica patente o desejo de alinhar discurso e prática nos esforços para superar divergências em torno de uma luta maior. A tônica do encontro reforça a importância de buscar unidade em torno de uma pauta classista, orientados pelo plano de lutas aprovado nas instâncias do ANDES-SN, sem ignorar discordâncias.
Como encaminhamento, além da continuidade da luta concentrando esforços, agora, na jornada em defesa dos serviços públicos, foi destacada a necessidade de novas reuniões com os setores de Comunicação de todas as seções para a produção de conteúdo sobre a greve do dia 18.
Para além disso, articula-se a construção coletiva de uma carta que organize o eixo de lutas e exponha o conjunto de medidas que vem atacando a categoria. O documento versará sobre a luta contra a reforma administrativa, contra o ensino remoto, contra as intervenções e pela autonomia das IFES e contra o Reuni Digital. A publicação será nesta quinta-feira, 12.
Texto: Andriolli de Brites da Costa (Jornalista ADUFPEL)