Conselheiros da UFFS pedem renúncia de reitor por meio de carta

18 de setembro de 2019

Membros do Conselho Universitário (Consuni) da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) apresentaram, no domingo (15), carta com pedido de renúncia do professor Marcelo Recktenvald, empossado como reitor da instituição por arbitrariedade do governo federal. O documento foi divulgado no dia em que a Universidade completou 10 anos.

Os conselheiros, entre titulares e suplentes, exigem a renúncia do interventor por entenderem que a nomeação representa “clara violação à autonomia da UFFS e desrespeito para com a comunidade universitária”. O professor nomeado por Bolsonaro, que ficou em terceiro lugar na lista tríplice da comunidade acadêmica, sequer chegou ao segundo turno na votação, realizada no primeiro semestre deste ano: teve menos de 20% dos votos na consulta pública, e no Conselho Universitário somou apenas 4 votos.

Mobilização contra intervenção

Em protesto contra a intervenção, os estudantes da UFFS ocupam a reitoria desde 30 de agosto. O movimento de resistência, formado por alunos, docentes e técnico-administrativos, pretende ampliar a mobilização a todos os setores da sociedade, nas diversas lutas contra as afrontas do atual governo federal.

A comunidade acadêmica exige a renúncia do reitor e indicou dois dias de paralisação e realização de aulas públicas, transmitidas pela internet. O título de uma delas simboliza o sentimento que reina nos campi: “O medo mudou de lado: é hora de vencer. Desafios para a luta contra a nomeação arbitrária na UFFS em tempos de resistência”. Nesta quinta-feira (19), os docentes da instituição farão nova assembleia para debater a possibilidade de deflagrar greve.

O professor Marcelo Recktenvald encaminhou judicialmente pedido de reintegração de posse contra o Movimento Ocupa UFFS. Em despacho emitido na quarta-feira (18), a Juíza responsável pela decisão do processo decidiu por negar a reintegração forçada. Na audiência de conciliação, foi definido que a Juíza aguardaria a sessão do Consuni, para buscar um diálogo entre o Conselho e Movimento da Ocupação, não havendo, portanto, motivo para a reintegração forçada. Na sentença, a juíza Heloisa Pozenato observa que “a Universidade insiste em dizer que não haverá acordo, embora o acordo esteja acontecendo a olhos vistos no processo desde a primeira mediação”.

Depois de seis horas de reunião, o Consuni decidiu por aprovar todas as reivindicações dos estudantes, que propõem a convocação de uma sessão especial do Conselho para deliberar sobre a destituição do reitor, até a data limite de 30 de setembro; a realização de uma assembleia da comunidade acadêmica para tratar da não adesão da UFFS ao programa Future-se, seguida de uma sessão do Consuni sobre o mesmo tema; e a garantia de que não haverá prejuízos disciplinares e acadêmicos aos estudantes e servidores envolvidos na manifestação. Com o resultado, os integrantes do Movimento começam as discussões para a desocupação do prédio.