A comunidade que frequenta a Escola Estadual de Ensino Fundamental Rio Grande do Sul, localizada no Centro de Porto Alegre, resolveu unir forças contra o fechamento da unidade, pretendido pelo governo do Estado. Desde a primeira semana de setembro, quando o prédio foi arrombado pelo próprio governo para retirada de mobília e documentos da escola, o espaço foi ocupado por alunos, pais e professores, numa tentativa de evitar que o único colégio que oferece Ensino de Jovens e Adultos (EJA) na área seja desativado.
A ocupação foi a forma de resistência encontrada pela comunidade escolar para combater o encerramento das atividades. As razões do governo para o fechamento são, no mínimo, confusas: de acordo com reportagem do portal Sul 21, a primeira desculpa teria sido a possibilidade de uso do local como abrigo para pessoas em situação de rua durante a pandemia, solicitação feita pela Secretaria do Trabalho e Assistência Social. Atualmente, no entanto, a Secretaria da Educação (Seduc) argumenta que há problemas estruturais no prédio, o que foi desmentido pela diretora da escola, Elisa Santana Oliveira.
A professora, inclusive, conta que a própria comunidade já fez os reparos necessários em uma infiltração – restrita a algumas salas –, visto que o problema havia sido comunicado à Seduc há mais de um ano, sem resolução. “A comunidade que está ocupando está cuidando dessa reforma, com engenheiros voluntários, eletricistas, pessoas que estão se voluntariado para ajudar. É possível que a própria ocupação resolva essas questões”, comenta. Atualmente, a escola atende quase 300 crianças, além dos alunos do EJA. A comunidade do entorno, de acordo com o Cpers, é contra o fechamento.
Símbolo na luta
O local se tornou símbolo de luta e resistência, e foi escolhido para sediar o primeiro ato unitário dos servidores das três esferas contra a Reforma Administrativa e em defesa do Serviço Público. O evento, convocado pela Frente dos Servidores Públicos no Rio Grande do Sul, ocorreu na manhã de terça-feira (15) respeitando o distanciamento e contou com a participação do ANDES/UFRGS.
O ato marcou o lançamento de uma campanha conjunta contra o projeto, que ameaça a estabilidade, os concursos públicos, os salários, os direitos e as carreiras de quem presta serviços essenciais à população. Também serviu para defender a continuidade das atividades da escola. A ocupação segue por tempo indeterminado, e o governo do estado, via Seduc, se nega a dialogar com a comunidade.
A ocupação da EEEF Estado do Rio Grande do Sul está aceitando doações de alimentos não-perecíveis e materiais de higiene, que devem ser entregues na própria escola, na Av. Washington Luiz, 980, no Centro Histórico de Porto Alegre.