Com uma extensa agenda antirracismo, Novembro Negro da UFRGS registra denúncia no Consun contra a Reitoria interventora

Centenas de pessoas foram às ruas de Porto Alegre no 20 de Novembro para marcar o Dia Nacional da Consciência Negra, data que nasceu na capital gaúcha há mais de 51 anos, durante a Marcha Independente Zumbi Dandara. O ANDES/UFRGS participou da caminhada, organizada por mais de 40 entidades, assim como da extensa agenda alusiva à data na Universidade.

“Em 2022, quando comemoramos 50+1 anos do 20 de novembro, o ANDES enquanto Sindicato de base da categoria docente apoia, participa e promove ações de resistência neste tempo de recrudescimento do racismo, do fascismo e da intolerância. A luta antirracista é também uma luta anticapitalista, antilgbtfóbica, anticapacitista, é nessa direção que firmamos nossas pautas de luta e resistência popular pela base!”, esclarece Loiva de Oliveira, diretora da Seção Sindical.

Na UFRGS, onde o Novembro Negro acontece desde 2017 com uma agenda unificada, a programação envolveu dezenas de atividades com pautas de reforço da identidade e de valorização da cultura da população negra  e também com pautas feministas, de gênero e sobre sexualidade.

“O novembro negro da UFRGS expressa a organização e luta de diferentes coletivos da universidade que, em parceria com organizações e movimentos sociais do campo popular, denunciam a violência do racismo e demarcam que a luta antirracista precisa ser uma prática concreta e cotidiana. Saudamos o legado de Oliveira Silveira e demais homens e mulheres que ousaram pautar na agenda nacional o 20 de novembro!”, comenta Loiva.

A tradicional foto de negras e negros da Universidade, organizada pela Assufrgs na última quarta-feira (23), reuniu estudantes, trabalhadoras (es) e alunas(os) do Colégio de Aplicação. “É o sexto ano consecutivo em que a comunidade negra da UFRGS se reúne para tirar uma foto em frente à Reitoria. É uma tradição que segue sendo importante não só para celebrar, mas reforçar a luta, e encorajar os jovens negros a entrarem na universidade ao se sentirem representados dentro do espaço acadêmico”, afirma Tamyres Filgueira, coordenadora-geral da Assufrgs e coordenadora-adjunta do Núcleo de Estudos Africanos, Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi). “Serve pra fortalecer o nosso povo negro e dizer que estamos na luta para continuar ocupando a universidade”, acrescenta.

Arbitrariedades 

Nos dias 19 e 20 de novembro, a agenda previa as apresentações das escolas de samba Imperadores do Samba e Bambas da Orgia, que aconteceriam dentro do projeto Unimúsica, no Campus Central da UFRGS. No entanto, às vésperas de serem realizadas, essas duas atividades de destaque foram arbitrariamente canceladas pela Reitoria interventora.

Em sessões do Conselho Universitário nos dias 18 e 25, após denúncias de racismo, foi feita a solicitação da presença do chefe da segurança da UFRGS, Daniel Augusto Pereira, e da Pró-reitora de Extensão, Adelina Mezzari, para dar explicações ao órgão deliberativo sobre o ocorrido.

 

Foto: Assufrgs