Compreender a evolução das contaminações por Covid-19 é uma das formas mais eficientes de melhorar a precisão de estimativas de crescimento, demandas de atendimento, rede hospitalar, materiais e também subsidiar decisões sobre isolamento. Neste contexto, as universidades vêm contribuindo significativamente de diferentes modos, que vão da produção de testes para permitir reduzir a subnotificação de casos e da aplicação de modelos de previsão com os dados locais até a divulgação de informações relevantes para estudos e mapeamentos.
Uma das principais iniciativas neste sentido no estado acontece na Ufpel, que, em parceria com instituições privadas e o Ministério da Saúde, coordena uma pesquisa inédita com 18 mil habitantes do Rio Grande do Sul, a fim de saber quantas pessoas estão infectadas.
Em paralelo ao estudo, que mostrará a prevalência da Covid-19 na população gaúcha, a universidade conduzirá, a partir desta quinta-feira (09), o mesmo inquérito sorológico abrangendo todo o território nacional, com pelo menos 100 mil brasileiros, em 133 cidades.
Segundo Pedro Hallal, epidemiologista coordenador do projeto e reitor da Ufpel, o objetivo de ambas as pesquisas é coletar o percentual de população infectada no Brasil. “A gente sabe que os dados atuais são estimativa muito subestimada da real”, argumenta. Tendo estimado o número real de infectados, de doentes evidentes e de assintomáticos, será possível saber de fato quantas UTIs, ventiladores e outros equipamentos serão necessários para tratar os doentes em cada região. Além disso, será possível estimar qual o estágio da epidemia no Brasil e a velocidade do seu avanço.
Os testes acontecerão em domicílio, a partir de sorteios feitos pelas autoridades locais de cada região. No Rio Grande do Sul, serão quatro fases diferentes, avaliando 4500 pessoas a cada duas semanas. O teste nacional, entretanto, terá somente três fases, com cerca de 33250 pessoas em cada.
A Ufcspa participa da pesquisa coordenada pela Ufpel e está selecionando voluntários. Além dessa, outras ações para a pesquisa sobre e o combate à pandemia são apresentadas em um espaço dedicado ao tema em seu portal.
Embasamento para ações
A resposta dos testes rápidos sai na hora, e um sistema eletrônico dará conta da assimilação dos dados. Em casos positivos de Covid-19, as secretarias de saúde já têm um plano de tratamento ou isolamento dos pacientes. “Em condições normais, esses resultados levariam um ano. Mas estamos em uma situação de guerra”, adianta Hallal.
Além do número de infectados, o cientista acredita que a pesquisa ajudará o Rio Grande do Sul e outros estados a calcular a velocidade da progressão da doença, como também planos de ação como compra de respiradores para os hospitais. “Essas são as perguntas que a pesquisa diretamente responde, mas há as indiretas”, explica. Como, por exemplo: quando será a hora correta de sair da quarentena e retomar a força de trabalho? “A única forma de voltar em segurança, com base na ciência, é por meio da testagem. O trabalho que será realizado é o primeiro caminho para o reaquecimento da economia brasileira”.
UFRGS fará testes em equipes de saúde
Na Ufrgs, o Instituto de Ciências Básicas da Saúde (ICBS) se prepara para realizar entre 400 e 500 testes de diagnóstico do novo Coronavírus por dia a partir das próximas semanas. O foco serão profissionais de saúde envolvidos na linha de frente do combate à doença, já que a identificação desses casos é fundamental para conter uma disseminação entre as equipes médicas.
O trabalho será todo realizado nas dependências do ICBS, desde o recebimento de amostras até o resultado final. “Estamos disponibilizando nossos serviços e a expertise em pesquisa científica que a UFRGS tem. É nosso compromisso devolver à sociedade todo investimento feito”, comenta a diretora do Instituto, Ilma Brum da Silva.
A UFRGS adquiriu com recursos próprios um lote para 500 testes. Posteriormente, com aquisição de um novo equipamento, poderão ser realizados até 1,8 mil testes por dia. Para isso, o instituto está necessitando de doações de recursos financeiros, EPIs e alimentação para as equipes que estão trabalhando voluntariamente. Saiba como doar aqui (aguardando link de matéria sobre iniciativas solidárias).