Foto: Portal G1
Em greve desde a noite da última terça-feira (11), os trabalhadores dos Correios realizarão assembleias em todo o país nesta terça-feira (17) para decidir os rumos da mobilização. Na quinta-feira (12), em audiência de conciliação realizada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), o ministro relator Maurício Godinho Delgado propôs a suspensão da paralisação e a manutenção do Acordo Coletivo da categoria até o julgamento, marcado para 02 de outubro.
A proposta apresentada no TST determinou a manutenção de todas as cláusulas do Acordo Coletivo atual, bem como do Plano de Saúde, que a empresa queria suspender. Segundo o TST, a greve afeta atividade essencial e, por isso, deveriam ser mantidos 70% de serviços e trabalhadores em atividade (no geral, e não por unidade de trabalho, como queria a empresa).
Governo e empresa sentem força da greve
A mobilização conta com forte adesão em todo o Brasil. Pela primeira vez, a paralisação nacional da categoria se deu simultaneamente nas bases dos 36 sindicatos. É a resposta dos trabalhadores, cansados e revoltados com os ataques impostos durante a campanha salarial deste ano e com o sucateamento dos Correios, praticado pela direção e pelo governo com o intuito de preparar a estatal para a privatização.
Mais do que a luta em defesa do ACT (Acordo Coletivo de Trabalho), os manifestantes estão mobilizados para barrar a privatização da empresa, anunciada por Jair Bolsonaro e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. A política de privatização vem precarizando as condições de trabalho e a segurança dos trabalhadores, levando à piora no atendimento à população e ameaçando milhares de empregos.
“Antes da greve desta semana, mesmo com a mediação anterior do TST, a empresa e o governo se negavam a se reunir com as direções sindicais há mais de 40 dias, e insistiam em reduzir benefícios que rebaixariam ainda mais o salário da categoria, que já é o pior entre todas as estatais. Com a greve, tiveram de recorrer ao TST”, aponta Geraldinho Rodrigues, dirigente da Fentect e da CSP-Conlutas SP.
O sindicalista destaca que a posição da direção da empresa e do governo é de muita arrogância. “Não queriam ceder em nada. Inclusive, o pagamento dos dias parados vai ficar para o julgamento do TST”.
Para o dirigente, somente a força da mobilização e a unidade da categoria, bem como o apoio de outros setores da classe trabalhadora, poderão garantir os salários e os direitos e barrar a privatização da empresa.
Apoio e mobilização
A CSP-Conlutas reafirma solidariedade e apoio aos trabalhadores dos Correios. “É uma luta mais do que justa, não só pela manutenção dos direitos e empregos, mas acima de tudo em defesa desta empresa que é um patrimônio do povo brasileiro e está ameaçada pelo plano de privatização de Bolsonaro, Mourão e Paulo Guedes”, diz texto publicado no site da central, que conclama: “É hora de unificar todas as categorias. A começar por aquelas duramente atacadas pelo governo Bolsonaro com redução de direitos, privatizações e ameaça de demissões como os petroleiros, eletricitários, bancários, servidores, trabalhadores da Educação, e demais categorias em luta, como metalúrgicos e estudantes”.
Na próxima sexta-feira (20), haverá manifestações globais em defesa do meio ambiente e da Amazônia e do funcionalismo federal, estadual e municipal em vários estados. “Façamos um grande dia para reforçar também a luta em apoio aos trabalhadores dos Correios, contra as privatizações, a Reforma da Previdência e contra todos os ataques do governo Bolsonaro/Mourão”, frisa a CSP-Conlutas.
Em Porto Alegre, as centrais sindicais convocam ato unificado para terça (24), contra a Reforma da Previdência e as privatizações e em solidariedade com as categorias em luta.