A Seção Sindical do ANDES-SN na UFRGS emitiu nota de solidariedade e apoio ao professor Fernando Nicolazzi, do Departamento de História da UFRGS, processado judicialmente pelo jornalista David Coimbra, colunista do grupo RBS, após publicação do artigo “O idiota do David Coimbra” no portal Sul 21, em 7 de julho de 2018.
“O processo movido contra Nicolazzi é mais um elemento na fileira de perseguições a professores que têm a coragem de manifestar o contraditório àqueles que atacam a universidade pública e seus trabalhadores”, argumenta o ANDES/UFRGS, enfatizando a defesa da liberdade de expressão e o direito à livre manifestação.
David Coimbra moveu duas ações judiciais contra o docente. Na instância cível, uma de indenização por supostos danos morais; na instância penal, a queixa-crime alegava um suposto crime de injúria, solicitando medidas jurídicas e demandava, ainda, o aumento da pena em um terço em função do ato supostamente praticado ter sido em um meio de grande repercussão.
No artigo, o professor usa o termo “idiota” em alusão ao uso frequente da expressão pelo colunista em seus textos e à figura do “idiota”, que em vários desses textos está associada à defesa dos direitos humanos, ao debate intelectual ou a pautas dos movimentos sociais. “Fui processado por uma ironia”, resume Nicolazzi, destacando que o recurso foi a forma escolhida para realizar um comentário crítico sobre algumas colunas de Coimbra, nas quais o jornalista “insistia em nomear e ofender variadas pessoas usando alcunhas como ‘imbecil’ ou ‘idiota’”. Entre os alvos das ofensas, está o líder sul-africano Nelson Mandela. “Todos que passaram por alguma universidade no Brasil foram chamados de ‘rematados idiotas’”, acrescenta o docente.
“Desconfio que este seja o primeiro caso registrado em que alguém que ganha a vida escrevendo tenta criminalizar uma figura de linguagem”, pondera.
O processo criminal foi extinto. Na vara cível, o docente ganhou em primeira instância, mas perdeu após Coimbra recorrer em segunda instância.
“Poderia ter pedido uma melhor de três, recorrido a instâncias superiores, demandado uma análise no VAR, mas o desgaste pessoal e o custo financeiro, somado ao que já fui obrigado a despender desde que toda essa história começou, me fizeram parar por aqui, engolir o sentimento de injustiça e acatar a determinação judicial. Saí de campo e paguei o colunista”, explica o docente em novo artigo, também publicado pelo Sul 21.