ANDES-SN repudia fala governista sobre extinção da UERGS

A Diretoria do ANDES-SN divulgou, na terça-feira (21), nota repudiando a fala do secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio Grande do Sul, deputado estadual Edson Brum (MDB), sobre a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS), instituição pública e gratuita, com 20 anos de existência.

O parlamentar usou o espaço em que representava oficialmente o governador Eduardo Leite no Painel Diálogo para o Desenvolvimento, realizado em Frederico Westphalen no dia 26 de agosto, para defender a extinção da instituição e o uso de seus recursos para comprar vagas em universidades privadas. A proposta não só evidencia mais uma vez o caráter neoliberal do projeto de educação do governo de Eduardo Leite, mas avança na contínua precarização que a UERGS enfrenta desde o governo de Yeda Crusius.

Segundo o Sindicato Nacional, o discurso representa mais um ataque direto à universidade pública, seguindo a lógica neoliberal de transformar a educação em mercadoria. “A extinção da UERGS, como propôs o representante do governador, seria nefasta tanto para a história inclusiva da instituição quanto para a população gaúcha que necessita de espaços públicos para materializar sua formação e seus sonhos de uma vida melhor”, alerta o ANDES-SN.

O Sindicato Nacional lembra que a UERGS é um patrimônio consolidado da afirmação da educação para todos/todas, “que simboliza e materializa uma luta por espaços educacionais estaduais advindos desde a federalização da UFRGS (que nasceu como uma universidade estadual) sempre comprometida, conforme declara, ‘com a educação como forma de estabelecer igualdade, oportunidade, pluralismo de pessoas e ideias, inclusão social, democracia, respeito aos direitos humanos reconhecendo as diferenças’”.

Trata-se de uma importante instituição que possibilita a interiorização do conhecimento científico, artístico e tecnológico. A nota do ANDES-SN lembra que a UERGS é também “um polo de construção do conhecimento e de acessibilidade para a população gaúcha e nacional afirmando espaços públicos para a formação crítica, comprometida com o desenvolvimento social, econômico e cultural em 24 unidades regionais, distribuídas em todo território gaúcho”.

“A luta e afirmação da educação pública, gratuita, de qualidade, laica e socialmente referenciada é hoje no país um divisor de águas entre a busca da construção de um projeto de nação para todos/todas o(a)s trabalhadores e trabalhadoras, que afirma sua riqueza e valoriza a diversidade de seu povo, e a visão neoliberal que privatiza os espaços públicos, como Eduardo Leite vem fazendo com a Corsan (empresa estadual de água e saneamento) e o Banrisul (único banco público estadual do país), repetindo localmente o que faz Bolsonaro na Eletrobras, nos Correios e por meio da PEC 32, proposta que visa destruir o Estado e o serviço público brasileiro”, acrescenta a nota.

ADUERGS também condena discurso neoliberal

A Associação dos Docentes da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (ADUERGS) também condenou a manifestação do secretário estadual. “Nos seus 20 anos, a universidade que foi criada através da Lei n° 11.646/2001, por unanimidade do parlamento gaúcho, tem contribuído efetivamente para o desenvolvimento nas diferentes regiões do estado do Rio Grande do Sul. Neste momento delicado pelo qual nossa sociedade passa, propor extinguir uma Instituição de Ensino Superior é um retrocesso e uma visão distorcida sobre o papel transformador que a Educação possui em uma sociedade”, publicou a entidade em suas redes sociais.