Reunindo 58 seções sindicais docentes de todo o país, de 15 a 17 de julho, o 65º Conselho do Andes-SN (CONAD) decidiu encaminhar carta de reivindicações para as e os presidenciáveis opositores a Bolsonaro. Destacando a política de financiamento da educação pública e as ações afirmativas nas universidades, a carta deve expressar a pauta docente, que inclui o fim das intervenções nas universidades, a defesa da carreira docente e a recomposição dos vencimentos dos servidores federais. A redação do texto, em sintonia com princípios consolidados no Caderno 2, foi delegada à diretoria do Sindicato Nacional.
“Foi consensual o entendimento da gravidade do momento político que estamos vivendo, uma política que tem atacado frontalmente a universidade e a educação pública, com enxugamento do Estado brasileiro e ataque aos direitos fundamentais”, explicou Magali Menezes, presidente e representante do Andes/Ufrgs no evento. “A proposta aprovada nos grupos e no plenário, depois de ampla discussão, foi a de respaldar as bandeiras históricas, a autonomia do sindicato, e a oposição ao governo Bolsonaro.”
“A resolução aprovada representa um debate coletivo da categoria docente. O Andes-SN, que é um sindicato que se constrói pela base, busca incidir na defesa da educação superior, pública e gratuita, com qualidade, laica, democrática e socialmente referenciada, e essa é a pauta que será levada como prioridade para os candidatos à presidência da República.”, destacou Loiva de Oliveira, docente do Departamento de Serviço Social e diretora do Andes/Ufrgs.
Derrotar Bolsonaro nas ruas e nas urnas
Derrotar Bolsonaro nas ruas e nas urnas foi o eixo dos debates no 40º Congresso do Andes-SN, realizado em março, em Porto Alegre. O 65º Conad, realizado em Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia, reiterou essa orientação e avançou na definição do plano de lutas da entidade.
O texto originalmente encaminhado ao Conad como TR-9, no Anexo ao Caderno de Textos, propunha que a Carta fosse entregue ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores. Após debate em grupos e em plenária, o Conad aprovou “a elaboração de uma carta de reinvindicações à(o)s presidenciáveis, com exceção do atual presidente da República”.
Sindicato independente e engajado
A decisão do Conad é coerente com o princípio, estabelecido em estatuto, de autonomia do sindicato em relação a partidos políticos e independência em relação ao Estado e às administrações das universidades. Essa independência nunca foi confundida nem se confunde, hoje, com neutralidade.
Em 2018, diante do risco da eleição de Bolsonaro, propagador do fascismo, da misoginia, do racismo e da lgbtfobia, o Andes-SN participou ativamente do movimento pelo “Ele não”, que levou milhões às ruas em todo país. Em 16 de outubro do mesmo ano, Assembleia Docente convocada pelo Andes/UFRGS aprovou resolução conclamando ampla unidade pelas liberdades democráticas e recomendando o voto em Fernando Haddad e Manuela D’Ávila no segundo turno das eleições presidenciais.
Em 2020, diante do descaso do governo Bolsonaro frente à Covid-19, o Andes-SN assinou pedido de impedimento de Bolsonaro.
ANDES-SN em defesa da democracia
Na sexta-feira (22), o jornal da Associação de Docentes da UFRJ divulgou uma matéria com o título “Andes nega apoio a Lula”, e incluindo o trecho “Já sabemos que não há neutralidade na política e que os supostamente isentos já escolheram o seu lado”. O teor da matéria foi desmentido em Nota da Associação de Docentes da UFF: “Nenhuma proposta de apoio ao candidato Lula em qualquer texto resolução (TR) foi apresentada, no Caderno de Textos ou no Anexo. (…)Portanto, a matéria veiculada pela Adufrj é completamente falsa!” A diretoria do ANDES-SN esclareceu também que, conforme o entendimento dos delegados ao Conad, “o Sindicato vai defender a categoria em qualquer governo, com independência e autonomia e, por isso a carta não poderia ser direcionada apenas a um(a) presidenciável. E, se é para citar o debate, parte da base também manifestou que no campo classista há outras candidata(o)s à presidência qualificada(o)s a receber uma carta solicitando compromisso com a defesa da Educação Pública, como consignada no Caderno 2 do ANDES-SN”.
Cabe registrar que, em 2018, o Andes-SN e o Andes/UFRGS repudiaram a condenação arbitrária de Lula. O Andes/UFRGS integrou o Comitê Lula Livre em Defesa da Democracia e da Universidade Pública na UFRGS, junto com Assufrgs, APG e DCE. Outras entidades foram convidadas mas escolheram não participar.
Naquele momento o Andes/UFRGS também estava engajado na solidariedade com estudantes do curso de Direito, ameaçados de suspensão por terem participado das mobilizações contra a PEC do Teto, em 2016.
Não há neutralidade na política
As e os militantes do ANDES/UFRGS sabem que não há neutralidade na política, e estão permanentemente engajados na luta pela democracia, pelos direitos, em defesa da educação pública. A autonomia do sindicato frente aos partidos é crucial, para que essa luta seja unitária, permanente e transparente. Derrotar Bolsonaro nas ruas e nas urnas deve ser uma prioridade de todos nós!
Foto: ANDES-SN