ANDES-SN e Andifes repudiam novo corte de verbas na Educação

O novo corte de verbas da Educação, anunciado pelo governo Bolsonaro no final de maio, provocou repúdio do ANDES-SN e da Andifes. Se o bloqueio for efetivado, Universidades e Institutos Federais brasileiros terão mais de R$ 1 bilhão represados em 2022.

“O impacto desse corte logo será percebido em ações finalistas das IFES, sem falar da grave situação que se abaterá ainda mais sobre as questões de acesso e permanência estudantil, provavelmente atingindo os segmentos estudantis pretos e pobres oriundos das mais diversas periferias brasileiras”, alerta nota da diretoria do Sindicato Nacional.

A Andifes denuncia que o orçamento aprovado já era muito inferior ao necessário, inclusive abaixo dos valores de 2020. É descabida a alegação do governo de que o bloqueio seria uma condição para o reajuste dos servidores federais.

“A defasagem salarial dos servidores públicos é bem maior do que os 5% divulgados pelo governo e sua recomposição não depende de mais cortes na educação, ciência e tecnologia. É injusto com o futuro do país mais este corte no orçamento do Ministério da Educação e também no do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, que sofreu um corte de cerca de R$ 3 bilhões, inclusive de verbas do FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), que são carimbadas por lei para o financiamento da pesquisa científica e tecnológica no Brasil. Não existe lógica, portanto, por que o corte de orçamento das universidades, institutos e do financiamento da ciência e da tecnologia brasileiras é que deva arcar desproporcionalmente com esse ônus”, esclarece a Associação.

Clientelismo

A supressão de 14,5% nos orçamentos de custeio das universidades foi comunicada às instituições em 27 de maio, em ofício do Ministério da Educação (MEC), informando que o orçamento global da pasta havia sido reduzido no mesmo percentual. Uma semana depois, mediante a forte repercussão, o ministro da Educação, Victor Godoy, anunciou nas redes sociais o desbloqueio de metade dessa verba.

“O fundo público continua sendo saqueado pela lógica clientelista da política desenvolvida por Bolsonaro. O Centrão, no Parlamento, continua desviando recursos de suas finalidades precípuas ao permitir que o orçamento secreto seja o maior balcão de negócios da política brasileira e, por dentro do Poder Executivo, o Ministério da Defesa tem recebido constantes aumentos em suas rubricas para o uso privilegiado do(a)s militares, em produtos e serviços alheios ao serviço público.”, denuncia o Sindicato Nacional.

IFEs ameaçadas

A nova tesourada ameaça a continuidade de muitas instituições de ensino, inclusive no Rio Grande do Sul. “Finalizamos 2021 com um déficit de R$ 5 milhões em função do corte no orçamento naquele ano. Considerando esse novo bloqueio, temos uma perda de R$ 9 milhões, o que impossibilita que honremos compromissos a partir de setembro”, diz a reitora da UFPel, Isabela Andrade, em nota.

“O cenário mostra que a universidade terá muita dificuldade para cumprir seus compromissos já a partir do mês de agosto. É lamentável que a educação tenha sido escolhida para absorver uma restrição orçamentária desta magnitude, inviabilizando o funcionamento de entes profundamente estratégicos para a nação, como as universidades federais. É o futuro das pessoas que está sendo ameaçado e, com isso, também as possibilidades do nosso país se desenvolver”, informa o pró-reitor de planejamento e administração da FURG, Diego Rosa, citado em reportagem da Zero Hora.

Com R$ 18,7 milhões a menos no caixa, o restaurante universitário da UFSM fica comprometido. “Se esse bloqueio não for revertido, o RU terá que funcionar exclusivamente para os alunos de baixa renda. Não teremos recursos para atender aos demais alunos”, estima o reitor, Luciano Schuch, acrescentando que também ficará difícil manter o pagamento de serviços terceirizados, como portaria, vigilância, motoristas e até insumos para laboratórios.

Dia de luta

Na quinta-feira (9), estudantes e trabalhadores de todo o país realizarão atos de protesto contra os cortes na educação pública. Em Porto Alegre, haverá manifestação às 17h, na Faculdade de Educação da UFRGS (Faced), com panfletagem para esclarecer à comunidade os riscos do sucessivo sucateamento das IFEs.

Convocamos todas e todos a participarem da mobilização em defesa da Educação e dos serviços públicos, um direito de todos que está cada vez mais ameaçado pelos governos municipal, estadual e federal.