O ANDES/UFRGS, a partir do seu presidente Guilherme Dornelas Camara; e das docentes, Agnes Nogueira Gossenheimer e Daniele Azambuja Cunha, e Maria Ceci Misoczky, 2ª vice-presidenta da Regional Rio Grande do Sul do ANDES Sindicato Nacional, participou entre os dias 27 e 31 de janeiro no Teatro Universitário da Universidade Federal do Espírito Santo, dos trabalhos do 43º Congresso do ANDES-SN.
Mais de 660 docentes de 88 universidades públicas debateram estratégias contra cortes orçamentários, ataques à autonomia universitária e precarização do trabalho docente. Os representantes da UFRGS integraram as discussões que resultaram na aprovação de um protocolo histórico contra assédios e no reforço de campanhas salariais.
Cobranças ao governo e mobilização nas federais
O setor das universidades federais (Ifes) denunciou o descumprimento do acordo da greve de 2024 pelo governo federal – que, até o momento, não aplicou reajustes salariais prometidos – e criticou a imposição do ponto eletrônico para técnicos administrativos. Entre as decisões do setor:
– Reunião em fevereiro para avaliar a convocação de uma greve nacional;
– Pressão pela padronização das regras de progressão na carreira docente;
– Aliança com o Sinasefe (sindicato dos técnicos) contra as medidas autoritárias nas instituições de ensino.
Avanço na proposta do ANDES-SN de uma carreira única para o Magistério Federal:
– Definição do piso nacional da educação básica como critério definidor da malha salarial da carreira do magistério federal;
Conforme Daniele Cunha, docente do Colégio de Aplicação, o Congresso do ANDES-SN foi um espaço muito rico de debate e encontro com colegas de todo o país. “Pudemos conhecer um pouco mais da realidade das condições de trabalho de diversas instituições, trocar informações, aprofundar reflexões sobre educação, carreira e lutas da classe trabalhadora, além de reforçar a nossa solidariedade a lutadores do mundo todo. Um aspecto muito importante foi a aprovação do piso nacional da educação básica como referência para o piso geracional da nossa malha salarial, o que fortalece a unidade de lutadoras e lutadores da educação dos diferentes níveis”, além disso, Daniele destacou ser interessante poder observar a construção dos debates desde as bases, a partir da discussão do Caderno de Textos em cada local de trabalho, das posições levadas por observadores e delegadas/os aos grupos mistos e, por fim, às plenárias, onde, mais uma vez, todas/os puderam contribuir com suas considerações.
Por sua vez, Agnes Nogueira Gossenheimer, Docente da Faculdade de Farmácia da UFRGS, falou sobre sua primeira participação no congresso. “Foi uma experiência transformadora. O evento consolidou debates fundamentais para a luta docente, reafirmando o compromisso com a valorização da educação pública, a defesa de melhores condições de trabalho e o fortalecimento das universidades como espaços democráticos e inclusivos. A intensa programação demonstrou o papel essencial da mobilização coletiva para enfrentar os desafios da categoria e avançar em pautas que promovam justiça social dentro do ensino superior”, disse.
Agnes disse ainda que sua participação no congresso foi um marco em sua trajetória como docente, reafirmando a necessidade de resistência, mobilização e construção de políticas que garantam uma universidade pública mais justa, inclusiva e democrática. “Os debates e resoluções aprovadas mostram que o movimento docente segue forte na defesa da educação pública e na promoção de mudanças estruturais necessárias para o avanço da sociedade”, finalizou.
Para a delegação do ANDES/UFRGS, outro momento marcante foi a aprovação do protocolo contra assédios e discriminação, uma conquista histórica para a categoria. O documento estabelece normas e procedimentos para a prevenção, acolhimento e enfrentamento de casos de assédio moral e sexual, racismo, LGBTfobia, gordofobia e outras formas de discriminação nas universidades. Outro destaque foi a aprovação da continuidade da campanha “Sou Docente Antirracista”, agora de caráter permanente, até que todas as vagas perdidas pelo descumprimento da Lei 12.990/2014 sejam devidamente reparadas.
Carta de Vitória
Ao final Fran Rebelatto, secretária-geral do ANDES-SN, realizou a leitura do documento que grava, na história, os princípios e resultados que foram produzidos pelo 43º Congresso. A carta assinala que o congresso discutiu a conjuntura nacional e internacional, destacando preocupações com a extrema direita global e críticas ao governo Lula-Alckmin pelo não cumprimento de acordos da greve de 2024. A mobilização sindical seguirá cobrando direitos, especialmente no que tange à recomposição salarial, rejeição à reforma administrativa e reconhecimento de direitos de aposentadoria.
44º Congresso do ANDES-SN
Por aclamação, a cidade de Salvador foi aprovada como sede do 44º Congresso do ANDES-SN.
A delegação de docentes da Universidade Federal da Bahia (UFBA) apresentou a inscrição, com a exibição de um vídeo sobre a cidade e com uma análise de contextualização das lutas locais por verbas e contra o racismo estrutural nas instituições de ensino baianas.