8 e 9 de março de luta pela vida das mulheres

 

Coletivos, movimentos sociais e sindicais, e demais entidades da sociedade civil estão mobilizados para as manifestações referentes ao Dia Internacional das Mulheres. Iniciando em 8 de Março, as ações devem acontecer até o final do mês, e têm como mote a defesa da vida das mulheres, contra a violência, e por emprego, saúde, educação e aposentadoria.
Em Porto Alegre, as atividades começam no domingo (8), junto aos blocos de carnaval de rua da cidade, e seguem na segunda (9), com um grande ato na Esquina Democrática, a partir das 17h30. Organizadas em unidade por diversas entidades, as vidas das mulheres são o tema central das atividades.
“O último ano foi marcado por um crescimento escandaloso do número de homicídios em conflitos no campo, assassinato de indígenas, de participantes de movimentos sociais e de jovens negros e negras em ações policiais, como no caso da menina Agatha, de apenas 8 anos. Além de que, triplicou em janeiro de 2020 o número de Feminicídios, em relação ao mesmo mês do ano anterior. TRÊS VEZES MAIS MULHERES MORTAS por seus ex ou atuais namorados, companheiros ou maridos! Apesar disso, Bolsonaro e sua ministra Damares Alves ZERARAM o orçamento para a rede de atendimento às mulheres vítimas de violência”, afirma o texto divulgado pela organização, destacando não ser mais possível ficar de braços cruzados, assistindo Bolsonaro, Eduardo Leite e Marchezan terminarem seus mandatos e “acabarem com nossos direitos, nossas vidas, o município, o estado, o país e o planeta! Queremos ter direito a decidir sobre nossos corpos, ter acesso a lazer, saúde, educação, emprego, aposentadoria”. Confira aqui todos os detalhes da programação.

Lutas das mulheres na universidade
A UFRGS também prepara uma série de atividades referentes à data. No Colégio de Aplicação, as ações começaram dia 2 e vão até dia 11 de março, e são abertas ao público.  Já o grupo Mulheres na Engenharia da UFRGS, filiada ao Instituto de Engenheiros, Eletricistas e Eletrônicos (IEEE Women In Engineering), realiza dia 6 de março uma ação no Campus do Vale para receber as novas estudantes de Computação e Engenharias da Universidade.
No dia 25 de março, um evento organizado pelo ANDES/UFRGS irá tratar sobre maternidade nos espaços acadêmicos. “A ideia é falar sobre mulheres que estão envolvidas no fazer da ciência nas universidades públicas no Brasil”, explica a primeira tesoureira do ANDES/UFRGS, Julice Salvagni, docente da Escola de Administração. O encontro reunirá representantes de diversas áreas de conhecimento, e também vai proporcionar uma reflexão sobre gênero e mercado de trabalho. “Embora o evento tenha foco na academia, é claro que a gente sabe que mães em outros espaços de trabalho têm outras questões muito mais graves do que as nossas – mulheres de classe média que têm estabilidade, por exemplo. Não deixaremos de pensar nessas realidades”, afirma a professora. Mais informações nas próximas edições do boletim.

Mulheres se mobilizam pelo Brasil
Por todo o país, as manifestações do 8M serão intensas. Coordenadas por diversas entidades e por movimentos de mulheres, as atividades reunirão motes como a oposição ao governo e suas reformas, a busca por esclarecimentos sobre a morte da vereadora carioca Marielle Franco – que completa dois anos em 14/3 – e também a defesa da democracia.
Em diversas cidades, como Florianópolis, os atos devem ocorrer na segunda (9), preservando a ideia de greve geral das mulheres. “Considerando o entendimento do domingo como um dia ‘de folga’, receamos que as atividades neste dia fossem caracterizadas como comemorativas e não de luta e resistência, além de que para a classe trabalhadora, que em grande parte faz uso do transporte público, é um dia de pouca mobilidade”, comentou Ana Bezerra, integrante da frente feminista do 8M de Santa Catarina, em entrevista ao portal NSC Total.
A ideia de criar o Dia da Mulher, oficializado pela ONU em 1975, surgiu entre o final do século XIX e o início do século XX nos Estados Unidos e na Europa, no contexto das lutas feministas por melhores condições de vida e trabalho, e pelo direito de voto. Uma possível origem da data remonta à Rússia onde, naquele dia em 1917, trabalhadoras foram às ruas em manifestação contra a fome e a Primeira Guerra Mundial. Para muitos, esse evento deflagrou o início da Revolução Russa.