60 anos do Golpe de 64: seminário reúne docentes de todo país em clima de justiça e emoção

A Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS acolheu durante os dias 21, 22 e 23 de novembro, mais de 100 pessoas, entre docentes de todo o país, estudantes e interessados, que participaram do Seminário Nacional “60 anos do Golpe de 1964 – Memória, Verdade, Justiça e Reparação”. O evento foi promovido pelos Grupos de Trabalho de História do Movimento Docente (GTHMD) e de Política de Formação Sindical (GTPFS), em parceria com a Comissão da Verdade do ANDES-SN, tendo como anfitriã a Seção Sindical ANDES-SN na UFRGS.

O primeiro e segundo dia de seminário foram de importantes trocas, a partir de oficinas e painéis que serviram para a formulação de ações práticas de fortalecimento das comissões da verdade e a retirada de homenagens aos apoiadores do regime militar, nos espaços das universidades e institutos federais. Para dar as boas-vindas e reafirmar o compromisso de luta e indignação ao tema, o primeiro dia do seminário encerrou com o show de Nei Lisboa, músico gaúcho, que também perdeu o irmão no período da ditadura.

Com a presença e participação ativa do presidente do Sindicato Nacional e membro da Comissão da Verdade da entidade, Gustavo Seferian, inúmeras vezes foi ressaltado o papel do povo trabalhador, e a necessidade de se discutir os direitos fundamentais, os assegurando principalmente aos negros, indígenas e mulheres.

A mesa que intitulou o seminário, “Memória, Verdade, Justiça e Reparação: ontem e hoje”, aconteceu já no primeiro dia, refletindo sobre o legado e a impunidade da ditadura empresarial-militar no Brasil, que resultou em mortes e desaparecimentos, além da barbárie das torturas e exílios.

No segundo dia de atividades, além das mesas, debates e depoimentos que abordaram a ditadura e a opressão, foi exibido pelo presidente da Seção do ANDES/UFRGS, Guilherme Dornelas, o documentário “Adufrgs e Andes: história de um golpe”, que conta a partir de depoimentos a história do golpe realizado em dezembro de 2008, quando a seção sindical e seu patrimônio foram usurpados em uma assembleia com menos de 40 participantes e 359 procurações dadas a 17 pessoas. O resultado foi a criação de um sindicato municipal e o desligamento do ANDES-SN.

Este dia foi encerrado com uma oficina conduzida por integrantes do Coletivo de Professoras e Professores de História da Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre (CPHIS) que nos pôs diante da sua problemática de ensinar a história das repressões, que o seminário debatia, para jovens estudantes, relatando ainda suas experiências de luta.

Já o último dia, foi marcado por ato político e homenagem ao professor, historiador e pesquisador Enrique Serra Padrós, docente do Departamento de História e do Programa de Pós-graduação da UFRGS, falecido em 2021, aos 61 anos, vítima de câncer. Durante a homenagem inúmeras pessoas relataram o seu envolvimento e a generosidade do professor, que partiu de forma precoce, mas deixando um legado de profundo compromisso de justiça social.

Por fim, o ato público contou com cortejo que saiu do prédio da UFRGS indo até o Monumento ao Expedicionário, também conhecido como Arcos da Redenção, acompanhado do bloco “Cuidado que já nos viram”, liderado pelo Mestre Edu Nascimento, do Quilombo do Sopapo. O ato público defendeu a educação antirracista, diversa, plural, popular e socialista, destacando importantes reflexões sobre o tema abordado durante todo o seminário, para que nunca mais aconteça!

O ANDES/UFRGS, anfitriã do seminário, agradece todos os presentes pelos dias enriquecedores, de debates, aprendizado, mas fundamentalmente trocas sobre um tema tão dolorido, mas extremamente necessário.

 

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