18M intensifica luta contra EC-95

 

Apesar do estado de isolamento social pelo qual passa a população do Brasil, o 18 de Março foi dia de protestos contra a política de sucateamento da educação e dos serviços públicos no país, intensificada pelo governo Bolsonaro. Chamada de Greve Nacional da Educação, a mobilização exigiu, entre outros pontos, revogação imediata da EC-95, conhecida como “Teto dos Gastos”, para garantia de investimentos efetivos em áreas essenciais.

Prioritariamente virtuais em função da pandemia do novo Coronavírus, as manifestações incluíram lives digitais, panfletagens on-line e muitas postagens sobre o tema. Juntamente com a Seção Sindical do ANDES-SN na UFRGS, APG, Assufrgs, Sindoif e os DCEs da UFRGS e UFCSPA distribuíram cards com os nove motivos para aderir à greve. O material foi distribuído por docentes, estudantes e técnico-administrativos em educação, em uma panfletagem virtual em diversas redes sociais. Além disso, um vídeo foi produzido de forma unificada entre docentes e técnicos, defendendo recursos para educação e saúde públicas de qualidade. Nas redes sociais, muitas publicações usaram a hashtag #GreveNacionaldaEducação para dar visibilidade ao dia.

O professor André Martins, presidente do Sindoif (Seção Sindical do ANDES-SN no IFRS), destacou que o 18M foi definido a partir da “Coordenação Nacional Unificada de Mobilização e Greve, que envolve o ANDES-SN, a Fasubra e o Sinasefe”. Para André, “a greve é para apontar a necessidade de revogação imediata da Emenda Constitucional 95”.

“Infelizmente não pudemos ir às ruas hoje como gostaríamos e costumamos fazer, mas continuamos mobilizados na defesa da universidade pública, da saúde pública e do SUS para garantir que todas e todos tenham acesso a direitos fundamentais”, afirma Guilherme Dornelas Camara, vice-presidente do ANDES/UFRGS. “Lutamos para que a dedicação de profissionais da saúde e pesquisadores, que arriscam suas vidas na busca de tratamentos para doenças como o Coronavírus, seja cada vez mais valorizada no país”, acrescenta o professor.

“Exigimos que este governo criminoso e irresponsável reveja imediatamente a EC-95, que inviabiliza o SUS e a educação e pública gratuita e de qualidade, que têm sido firmes e atuantes não só neste momento de pandemia do coronavírus, mas em tudo que diz respeito às questões sociais”, frisa Marlise Paz, coordenadora geral da Assufrgs.

Representantes do ANDES/UFRGS, Assufrgs, Sindoif e DCE também manifestaram estendendo faixas junto a semáforos no entorno da UFRGS. Seguindo os protocolos de evitar aglomerações, manter distância e ética respiratória, a manifestação teve o objetivo de informar a quem estava nos veículos sobre a greve nacional da educação e a necessidade de revogação da EC 95.

Barulhaço de protesto se irradiou por todo país

Entre 20h e 20h30, aconteceu um barulhaço em protesto contra o governo federal, convocado pelas centrais sindicais, que se juntaram às entidades da educação em defesa de direitos sociais, emprego, democracia e pela revogação da EC 95.

O barulhaço ocorreu em várias capitais e cidades do interior. Em certos bairros foi destacadamente vigoroso e prolongado o misto de panelaço/apitaço, assobios e gritos de “Fora Bolsonaro”. O barulhaço estava convocado para as 20h30 desta quarta-feira, mas houve um esquenta espontâneo em alguns bairros de São Paulo, Rio, Porto Alegre e outras capitais nas terça-feira de noite, seguido de uma nova rodada, no meio da tarde do dia 18, durante o pronunciamento de Jair Bolsonaro em rede nacional. A persistência e amplidão desse protesto nacional nos dias 17 e 18M é expressão da ampliação do desgaste do governo, apontando para uma retomada dos protestos de massas.

Confira nove motivos apontados pelo ANDES-SN para a Greve Nacional da Educação:

  1. Em defesa da educação pública e gratuita;
  2. Pela revogação da MP 914, contra as intervenções nas IES e em defesa da autonomia e da democracia nas instituições;
  3. Pela imediata recomposição do orçamento das Universidades, IFs e Cefet;
  4. Pela imediata liberação dos concursos públicos;
  5. Pelo direito à capacitação e qualificação docente;
  6. Pela recomposição do orçamento da Ciência e Tecnologia Públicas e da CAPES e CNPq;
  7. Contra os programas Future-se e Novos Caminhos;
  8. Para barrar os sucessivos ataques aos direitos sociais, trabalhistas e previdenciários das trabalhadoras e trabalhadores;
  9. Pela revogação da EC-95.